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Americana criada em seita revela abusos na infância e 'pesca de flerte'

Sharen Seitz escapou depois que a sua família fugiu - Reprodução/Instagram
Sharen Seitz escapou depois que a sua família fugiu Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/05/2021 13h05Atualizada em 26/05/2021 17h38

A americana Sharen Seitz, de 33 anos, afirmou ter passado boa parte de sua infância enfrentando abusos físicos e emocionais durante seu tempo na seita Família Internacional, antes conhecida como Meninos de Deus. Ao Daily Mail, ela afirmou que por muito tempo não soube quem eram os pais e que se libertou aos seis anos, quando eles decidiram fugir.

Segundo Sharen, ela foi ensinada que todos os membros do culto faziam parte da mesma família e que a normalização do sexo era algo bastante comum.

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A sociedade cresceu usando uma técnica chamada "pesca de flerte", em que as mulheres eram obrigadas a recrutar homens por meio de atividades sexuais.

As crianças eram ensinadas que as relações sexuais seriam uma forma de compartilhar o amor de Deus com as pessoas. Por esse motivo, os menores poderiam acabar presenciando tais cenas explicitamente.

Apesar de não ter sido abusada sexualmente, os castigos físicos faziam parte do seu dia a dia. Sharen ainda relembrou que quando se comportavam mal, as crianças ficavam trancadas em um armário e eram obrigadas a memorizar passagens da Bíblia.

Um dos momentos de que a ex-modelo recorda foi de ter apanhado em uma ocasião em que fez outra garota tropeçar. "Quando eu tinha cerca de cinco anos, estava amarrando meus sapatos e acidentalmente fiz alguém tropeçar. Fui levada a uma lavanderia e um homem pegou uma grande tábua de madeira e me bateu cinco vezes nas costas e no traseiro", disse.

Além disso, era comum que os fiéis se sentassem em um cobertor chamado "a nuvem" e que aprendessem as músicas escritas pelo guitarrista do Fleetwood Mac, Jeremy Spencer, que entrou para a seita em 1971.

Os pais de Sharen eram evangélicos e acharam que se tratava de uma organização missionária para viajar e "espalhar a palavra de Deus". Mas, com o tempo, seu pai ficou preocupado com o abuso físico de seus nove filhos e decidiu escapar, saindo do estado do Colorado rumo ao Arizona.

Entretanto, a experiência deixou uma marca a longo prazo em Sharen, que enfrentou uma saúde mental debilitada. Ela revelou ter sofrido com um transtorno alimentar após os episódios e ter tentado se suicidar quatro vezes.

"Tive que trabalhar muito para ter uma vida na qual eu pudesse começar a me recuperar de tudo que vivi", afirmou.