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Marroquino que usou garrafas para boiar até Ceuta foi abandonado ao nascer

Imagem do jovem Aschraf Sabir , em 19 de maio, nadando com garrafas de plástico amarradas ao corpo para não se afogar em direção a Ceuta, na fronteira entre o Marrocos e a Espanha - REUTERS/Jon Nazca
Imagem do jovem Aschraf Sabir , em 19 de maio, nadando com garrafas de plástico amarradas ao corpo para não se afogar em direção a Ceuta, na fronteira entre o Marrocos e a Espanha Imagem: REUTERS/Jon Nazca

Do UOL, em São Paulo

28/05/2021 15h41

O marroquino Aschraf Sabir, de 16 anos —a imagem dele amarrado a garrafas de plástico enquanto nadava em direção a Ceuta, na Espanha, rodou o mundo — contou mais de sua história ao jornal espanhol El País.

Ele disse que no dia em que a imagem foi feita, no dia 19, ele tentava cruzar a fronteira pela terceira vez em menos de 24 horas e que foi abandonado pela mãe três dias após seu nascimento. Ela tinha a sua idade de hoje.

Há cinco anos ele perdeu a mãe adotiva e, agora, foi novamente adotado por uma viúva que vive em Casablanca. Ao lado de outros centenas de imigrantes, ele foi enviado de volta ao país pelo governo espanhol e tenta recomeçar.

Ele conta que a primeira tentativa de chegar a Ceuta foi na manhã de terça-feira (18). Ele alcançou a cerca, mas voltou para Castillejos, cidade no norte de Marrocos. No mesmo dia à noite ele tentou uma segunda vez e conseguiu nadar até Ceuta.

"Mas os guardas me pegaram e me colocaram em um centro, onde passei a noite. No dia seguinte, quarta-feira de manhã (19), deram-me uma toalha e uns biscoitos e me mandaram de volta a Castillejos". Poucas horas depois, ele teve a ideia de amarrar as garrafas ao corpo para atravessar o mar.

"Levei [as garrafas] para não me cansar de nadar. Desta vez, depois que me pegaram, um soldado me acompanhou caminhando em direção à fronteira com o Marrocos", disse.

Migrantes tentam chegar até Ceuta pelo mar

Aschraf afirmou que seu sonho é ir para a Espanha "para poder ajudar minha família primeiro e estudar para realizar meu futuro".

Aschraf saiu de casa um dia em fevereiro, ao amanhecer. "Apresentei queixa na esquadra", diz Miluda, a sua nova mãe adotiva. "Mas não tive notícias dele durante todo este tempo, até ver a sua foto. Eu pensei que ele estava morto. Mas depois eu vi o vídeo [onde aparece com as garrafas] e fiquei muito feliz", disse ela ao jornal.

Após sua história vir a público, duas ONGs locais prometeram a Aschraf um lugar para que ele possa morar perto da família e auxílio financeiro para os estudos e para aprender uma profissão. Por enquanto ele está se dedicando ao ofício de cabeleireiro.