Esposa de médico preso no Egito diz que o perdoa: 'Voltará outro homem'
Mulher do médico Victor Sorrentino, Kamila Monteiro falou em "perdão" ao marido ao comentar mensagens de um amigo defendendo o brasileiro, que está detido no Egito após ser denunciado por assédio verbal contra uma vendedora.
Nos posts em seus stories do Instagram, na noite de ontem, a influenciadora afirmou que não quer "passar pano" para a atitude de Sorrentino, mas sim defender que a prisão foi uma "lição de evolução" para ele.
"Todos nós sabemos que ele errou, foi imaturo e inconsequente. Há uma diferença enorme entre 'passar pano' e perdoar", defendeu Monteiro na rede social.
"Muitas pessoas, principalmente mulheres, me julgaram por perdoá-lo. Mas, o fato de perdoá-lo não quer dizer que não iremos repreender o erro dele. No entanto, é inevitável que o amor leve ao perdão. Tenho certeza de que nada acontece sem um motivo. E creio que isso foi realmente uma lição de evolução para ele", concluiu a mulher.
Também ontem, ela já havia compartilhado a carta feita pela família de Sorrentino se retratando pela atitude do médico, que acabou virando alvo das autoridades egípcias depois de compartilhar o vídeo do assédio verbal nas redes sociais, em 24 de maio.
Em inglês e árabe e assinado por familiares e pela esposa do brasileiro, o texto apresentava "um pedido oficial de desculpas à vítima, sua família e a todos os atingidos pelo caso".
"A todo querido povo egípcio e a todos os funcionários do Estado do Egito. Nós estendemos nossos sentimentos mais sinceros e nos comprometemos a reparar todos os danos materiais e morais. Pedimos que aceitem nossas desculpas", concluiu a mensagem.
Lembre o caso
No vídeo que motivou a prisão, publicado em seu perfil no Instagram com quase 1 milhão de seguidores, Sorretino faz comentários sexistas em português a uma vendedora muçulmana.
"Vocês gostam é do bem duro. Comprido também fica legal, né?", disse o médico gaúcho, em tom irônico, enquanto comprava papiro, folha de madeira usada para escrita no Egito Antigo. "O papiro comprido", completou ele.
"Si", respondeu a mulher, em espanhol, sem entender as palavras de Sorrentino. "Tá! Maravilha", responde o brasileiro. Após a publicação, as imagens circularam pelo país e as autoridades receberam denúncias da população.
Depois das críticas, o médico tornou privado seu perfil na rede social e postou outro vídeo, dessa vez se desculpando. "Eu sou assim. Sou um cara muito brincalhão", justificou.
Ontem, o Ministério Público do Egito pediu a prisão preventiva do médico. A informação do pedido foi publicada na conta oficial do órgão no Twitter.
O texto diz que o Ministério Público pediu a prisão provisória do brasileiro, por quatro dias, enquanto aguarda as investigações. O post ressalta que o brasileiro é acusado de "agredir sexualmente uma garota egípcia" usando as redes sociais e, assim, teria violado "os princípios e valores da família e da sociedade egípcia" além de violar "a vida privada da vítima".
O Itamaraty, por meio da embaixada brasileira no Egito, informou que está prestando assistência a Sorrentino.
O Egito criminalizou assédio sexual em 2014. A lei prevê multas ou pena de seis meses a três anos de prisão. No ano passado, o parlamento egípcio aprovou uma lei para manter a identidade das vítimas de agressão e assédio sexual em sigilo. O objetivo é proteger a reputação e incentivá-las a registrarem os casos.
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