Embaixador da China, após ajuda dos EUA a Brasil e AL: "Melhor que nada"
O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, ironizou a doação de seis milhões de doses de vacina contra a covid-19 oferecida hoje pelos Estados Unidos a países da América Latina —dentre eles, o Brasil.
"É melhor do que nada", escreveu Wanming, em mensagem publicada nas redes sociais, na tarde de hoje. "É verdade. Sempre fazemos todo o possível dentro do desejo e alcance", completou.
As doses serão divididas entre Brasil, Argentina, Colômbia, Costa Rica, Peru, Equador, Paraguai, Bolívia, Guatemala, El Salvador, Honduras, Panamá, Haiti, República Dominicana e outros países da comunidade do Caribe. Ainda não há detalhamento sobre número de doses que o Brasil irá receber.
O Brasil entrou na lista de países que irão receber vacinas americanas através do Covax Facility, consórcio internacional. Os EUA irão distribuir 75% das doses através do Covax e 25% diretamente a outros países.
Yanming acumula histórico de atritos com autoridades do governo de Bolsonaro, e também com o próprio deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.
Em março de 2020, depois de Eduardo Bolsonaro responsabilizar o país pela disseminação global do coronavírus, a diplomacia de Pequim reagiu com ataques ao parlamentar, dizendo que ele havia contraído "vírus mental" ao retornar de viagem a Miami (EUA). O Itamaraty então cobrou retratação da China, provocando a interrupção por quase um ano o diálogo entre o ex-ministro Ernesto Araújo e a embaixada chinesa no Brasil.
Em janeiro deste ano, Araújo afirmou que o Brasil deveria se unir aos Estados Unidos para barrar o que chamou de "tecnototalitarismo", em uma referência velada à China.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil e o exportador essencial de insumos para a produção de imunizantes contra a covid-19.
Durante depoimento à CPI da Covid, o ex-chanceler, no entanto, insistiu na CPI que nenhuma declaração sua foi ofensiva e que as relações com o governo chinês não foram afetadas.
Os frequentes ataques de integrantes do governo à China, um dos principais parceiros comerciais do Brasil, fez com que a oposição criticar Bolsonaro e Araújo, e virou tema até mesmo na comissão que investiga ações do governo federal durante enfrentamento da pandemia.
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