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Com 99% dos votos apurados, Castillo mantém vantagem sobre Keiko no Peru

Montagem mostra Keiko Fujimori e Pedro Castillo, candidatos à presidência do Peru em 2021 - Cesar Bazan e Martin Mejia/AFP
Montagem mostra Keiko Fujimori e Pedro Castillo, candidatos à presidência do Peru em 2021 Imagem: Cesar Bazan e Martin Mejia/AFP

Do UOL, em São Paulo

08/06/2021 08h57Atualizada em 09/06/2021 13h17

O candidato Pedro Castillo (Peru Livre) mantém vantagem sobre Keiko Fujimori (Força Popular) nas eleições presidenciais do Peru e já se declara vencedor, embora a apuração ainda não aponte um postulante oficialmente eleito na disputa.

Por volta das 11h49 (horário de Brasília, 9h49 em Lima), Castillo tinha margem de 71.664 votos a seu favor (8.735.534 contra 8.663.870). A diferença entre os candidatos chegou a mais de 113 mil votos, mas caiu nessa reta final da apuração.

Ao todo, 99,79% das urnas foram apuradas até o momento, segundo último boletim do ONPE (Escritório Nacional de Processos Eleitorais, na sigla em espanhol). Castillo tem 50.20% dos votos válidos, enquanto Fujimori aparece com 49.79% — a disputa permanece aberta, segundo fontes do ONPE.

O novo presidente tomará posse em 28 de julho e comandará um país em crise, que teve quatro chefes de Estado desde 2018 e que registra a maior taxa de mortalidade do mundo pela pandemia, com mais de 185 mil mortes em uma população de 33 milhões de habitantes. Em 2020, o Peru registrou queda de mais de 11% no PIB (Produto Interno Bruto).

Candidata fala em 'fraude'

Ontem, Keiko Fujimori, filha do ex-ditador peruano Alberto Fujimori, denunciou supostas "irregularidades" e "indícios de fraude" na eleição. Ela chegou a liderar o pleito no domingo (6), mas foi superada por Castillo com a contagem dos votos nas áreas rurais do país.

"Há uma clara intenção de boicotar a vontade popular", denunciou a candidata, mostrando alguns vídeos e fotos para apoiar suas denúncias — entre elas, a de um registro de votação de um posto rural onde Castillo obteve 187 votos e ela, nenhum.

Partido de Castillo, o Peru Livre solicitou em comunicado que o ONPE "cuide da correta proteção dos dados eleitorais ao processá-los e publicá-los".

A missão de observação eleitoral da OEA (Organização dos Estados Americanos), que não mencionou irregularidades nas urnas, indicou ontem que "a contagem dos votos foi realizada de acordo com os procedimentos oficiais".

"Embora os cidadãos tenham dado o seu voto, o processo eleitoral continua" e a "conduta [dos candidatos] neste momento é crucial e decisiva para manter o clima de tranquilidade", afirmou o chefe da missão, o ex-chanceler paraguaio Rubén Ramírez, em vídeo publicado no Twitter em que demonstra apoio ao trabalho das autoridades eleitorais peruanas.

Direita versus esquerda

Keiko Fujimori - Luka Gonzales/AFP - Luka Gonzales/AFP
Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori e candidata à presidência do Peru em 2021
Imagem: Luka Gonzales/AFP

Keiko Fujimori pode ser a primeira presidente mulher do Peru, meta para a qual trabalha há 15 anos, desde que assumiu a missão de reconstruir praticamente das cinzas o movimento político de direita fundado por seu pai em 1990. Uma eventual derrota no segundo turno representaria o terceiro revés nas urnas e ela ainda teria que ir a julgamento com o risco de terminar na prisão.

A candidata é investigada pelo Ministério Público pelo caso de pagamentos ilegais da empresa brasileira Odebrecht, um escândalo que afetou quatro ex-presidentes peruanos. Keiko Fujimori ficou 16 meses em prisão preventiva por este caso.

Em caso de vitória, ela estabelecerá o precedente de ser a primeira mulher nas Américas a chegar ao poder seguindo os passos de seu pai.

Do outro lado está Pedro Castillo, que saiu do anonimato há quatro anos ao liderar uma greve de professores. Se eleito, seria o primeiro presidente sem vínculos com as elites política, econômica e cultural — ou o "primeiro presidente pobre do Peru", segundo definiu o analista Hugo Otero à AFP.

(Com AFP e ANSA)