Histórico: Cérebro fossilizado com 310 milhões de anos é achado nos EUA
Em uma descoberta revolucionária, pesquisadores norte-americanos descobriram um cérebro fossilizado nunca antes visto de um caranguejo-ferradura com 310 milhões de anos.
A descoberta, considerada pelos cientistas como "uma em um milhão" revela algumas "surpresas" sobre a evolução dessas estranhas criaturas, de acordo com um novo estudo, publicado no final de julho no jornal científico Geology.
O cérebro fossilizado - na verdade, o molde dele - foi descoberto em Mazon Creek, em Illinois (EUA), onde as condições do terreno eram supostamente ideais para a preservação dos delicados tecidos moles do animal.
Apesar dos caranguejos-ferradura (Euproops Danae) serem bastante comuns, os pesquisadores não sabiam nada sobre seus cérebros, relata a Revista Live Science.
"Esta é a primeira e única evidência de um cérebro em um fóssil de caranguejo-ferradura", disse ao Live Science Russel Bicknell, paleontólogo da Universidade da Nova Inglaterra no Maine, ao Live Science. "As chances de encontrar um cérebro fossilizado são de uma em um milhão", acrescentou.
Existem quatro tipos de caranguejos-ferradura conhecidos por estarem vivos hoje - todos têm exoesqueletos rígidos semelhantes, 10 pernas e cabeça em forma de U.
Estranhamente, apesar do nome sugerir, essas criaturas são na verdade aracnídeos e não "caranguejos". Elas estão mais próximas das famílias de escorpiões e aranhas, de acordo com a National Wildlife Federation.
Bicknell explicou que os cérebros dos tecidos moles são muito propensos à decomposição rápida. "Para que sejam preservados, são necessárias condições geológicas muito especiais ou, então, que estejam acondicionados em um fragmento de âmbar."
Nesse caso raro, a geologia da área em que o fóssil foi localizado ajudou a manter o tecido mole em perfeitas condições e, assim, preservar o cérebro - ou uma "cópia" do cérebro.
"Na verdade, o que temos é um molde do cérebro, não o cérebro em si, por assim dizer", explicou Bicknell.
Molde em caulinita
Enquanto o cérebro se decompôs ao longo dos anos, foi substituído por uma caulinita endurecida com argila mineral, que criou um molde semelhante ao do cérebro. A caulinita é um mineral proveniente do caulim, produto que resulta da transformação em profundidade de outros minerais contidos nas rochas.
Os pesquisadores agora esperam encontrar cérebros mais antigos, que podem estar em depósitos no riacho Mazon, onde o terreno parece fornecer condições perfeitas para fossilização de tecidos moles.
"O terreno de Mazon Creek é excepcional", disse Bicknell. "Se começarmos a procurar, poderemos ter a sorte de encontrar outros fósseis de cérebros."
A análise do antigo cérebro do caranguejo-ferradura chocou os pesquisadores, que pensavam que veriam algo totalmente diferente do cérebro moderno.
"Apesar dos 300 milhões de anos de evolução, o cérebro fóssil do caranguejo-ferradura é praticamente igual às formas modernas", espanta-se Bicknell.
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