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UE diz que Talibã deve respeitar direitos como condição para ajuda

2.set.2021 - O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell  - Jure Makovec/AFP
2.set.2021 - O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell Imagem: Jure Makovec/AFP

Do UOL, em São Paulo

03/09/2021 13h11

A UE (União Europeia) está pronta para manter contato com o novo governo do Talibã, mas alertou que o grupo fundamentalista islâmico deve respeitar os direitos humanos, incluindo os das mulheres, e não permitir que o Afeganistão se torne uma base para o terrorismo, disse, hoje, o chefe da política externa do bloco, Josep Borrell.

O contato, no entanto, não constituiria o reconhecimento formal do governo talibã, esclareceu ele.

"Para apoiar a população afegã, teremos de manter contato com om o novo governo do Afeganistão", disse Borrell durante uma reunião de ministros das Relações Exteriores da UE na Eslovênia.

Borrell disse que o novo governo deve impedir que o país se torne novamente um terreno fértil para terroristas, como era durante o período anterior do Talibã no poder, e deve respeitar os direitos humanos, o Estado de direito e a liberdade dos meios de comunicação, além de negociar com outras forças políticas um governo de transição.

Cofundador do Talibã, o mulá Baradar liderará o novo governo do Afeganistão a ser anunciado em breve, disseram fontes do grupo islâmico hoje.

O governo talibã (1996 a 2001) foi marcado por punições violentas e proibição de escolaridade ou trabalho para mulheres e meninas, e muitos afegãos e governos estrangeiros temem um retorno a tais práticas. Dias após tomar o poder, o porta-voz Zabihullah Mujahid afirmou que as mulheres poderão trabalhar e estudar "dentro de nossas estruturas", conforme a sharia, a lei islâmica, sem dar detalhes sobre o que isso significaria na prática.

Borrell disse ainda que a União Europeia vai aumentar a ajuda humanitária no país.

Agências humanitárias disseram que o Afeganistão está enfrentando uma catástrofe humanitária em meio a uma crise econômica provocada pelo conflito, uma seca e a pandemia de covid-19. Cerca de 18 milhões de afegãos — cerca de metade da população — já precisam de ajuda humanitária, de acordo com especialistas da UE.

A ONU (Organização das Nações Unidas) retomou recentemente voos humanitários para o norte e o sul do país, informou ontem o porta-voz da entidade, Stéphane Dujarric.

Presença dependerá das condições de segurança

Os países da UE decidiram se coordenar para manter uma presença em Cabul para continuar a retirada das pessoas que desejarem sair do país, mas tudo dependerá das condições de segurança, disse ainda Borrell.

"Decidimos (...) coordenar nossos contatos com os talibãs, incluindo uma presença (da UE) em Cabul, se as condições de segurança permitirem", declarou.

A presença da UE na capital afegã tem como objetivo permitir, em segurança, a continuidade das operações de retirada de pessoas que quiserem deixar o país.

Para "retirar as pessoas que desejamos receber, precisamos de um compromisso forte e de um contato forte" com as pessoas no poder, disse Borrell.

O diplomata espanhol também mencionou a necessidade de continuar, por meio de uma "plataforma política", a colaboração com os países vizinhos do Afeganistão.

Esta semana, os países da UE se comprometeram a apoiar os países da região na recepção de refugiados em fuga dos talibãs.

Com isso, a UE quer evitar uma onda migratória em seu território. Isso ainda não aconteceu, já que Paquistão e Irã acolhem os maiores contingentes de refugiados afegãos.

* Com informações da AFP e Reuters