Juiz da Colômbia autoriza eutanásia de mulher que não tem doença terminal
Um juiz da 20ª Vara Cível de Medellín, na Colômbia, autorizou, na última quarta-feira (27), a eutanásia de Martha Sepúlveda e, assim, ela pode se tornar a primeira pessoa a receber o procedimento no país sem ter uma doença terminal.
A mulher de 51 anos sofre de esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença degenerativa incurável. A eutanásia da colombiana estava marcada para o dia 10 de outubro, mas foi cancelada dois dias antes.
Em uma carta, segundo o jornal El Espectador, Marta agradeceu ao juiz "por ter protegido meus direitos fundamentais violados". Ela ainda não decidiu quando o procedimento seja realizado, mas seus representantes judiciais disseram que a data não será divulgada porque ela decidiu mantê-la privada.
Martha teve sua eutanásia inicialmente autorizada por se tratar de uma paciente com "enfermidade incurável avançada", "sintomas físicos e/ou psicológicos que geram sofrimento" e "capacidade de tomada de decisão", assinalou o Incodol (Instituto Colombiano de Dor).
Dois dias da data agendada, no entanto, a paciente foi notificada do cancelamento da eutanásia por determinação "unânime" da comissão médica que antes a havia aprovado.
Em sua justificativa, o Incodol alegou que a paciente evidenciou "uma funcionalidade maior do que a reportada" por ela mesma e seus familiares, na entrevista exibida na Caracol sobre o caso, segundo o texto divulgado por seus parentes na época.
Eutanásia na Colômbia
Na Colômbia, a eutanásia foi descriminalizada em 1997, mas só se tornou lei em 2015. Desde então, 157 procedimentos foram realizados.
Em julho, a Corte Constitucional decidiu ampliar "o direito à morte digna" para as pessoas com "intenso sofrimento físico ou psíquico proveniente de lesão corporal ou enfermidade grave e incurável".
Desde que foi diagnosticada a doença, a família disse que a vida de Marta havia se transformado em um tormento. Em entrevista à BBC, Federico, seu filho, disse que a notícia de que ela poderia acabar com isso foi um alívio.
A Conferência Episcopal Colombiana pediu que ele reconsiderasse a decisão, mas Marta, em entrevista à Caracol TV, disse: "Sou católica e me considero uma pessoa muito crente. Mas Deus não quer me ver sofrer".
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