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Líder democrata questiona defesa dos EUA de um ataque chinês a Taiwan

Soldados do  Exército de Libertação Popular durante cerimônia no Palácio do Povo em Pequim, China  - EFE
Soldados do Exército de Libertação Popular durante cerimônia no Palácio do Povo em Pequim, China Imagem: EFE

Colaboração para o UOL

04/11/2021 13h26

O presidente do comitê de inteligência da Câmara dos EUA, o democrata Adam Schiff, pediu na quarta-feira (3) que o governo de Joe Biden seja menos ambíguo em sua estratégia de defesa para Taiwan de um eventual ataque da China.

Em uma declaração no Fórum de Segurança de Aspen, Schiff, enfatizou a importância de um diálogo entre os EUA e seus parceiros internacionais com a China, para evitar graves consequências caso o país asiático decida usar a força para tentar invadir Taiwan.

Precisamos ser muito mais claros sobre nossa obrigação de defender Taiwan Adam Schiff, presidente do comitê de inteligência da Câmara dos EUA

No fórum, também esteve presente o chefe de Estado-Maior dos EUA, General Mark Milley, que declarou que seja improvável que a China tente tomar Taiwan militarmente nos próximos dois anos, mas se mantém preocupado com os avanços tecnológicos do país, destacando o recente teste de míssil hipersônico chinês.

"Dito isso, porém, os chineses estão clara e inequivocamente construindo a capacidade de fornecer essas opções à liderança nacional se assim escolherem em algum momento no futuro", disse Milley. "Estamos testemunhando uma das maiores mudanças no poder geoestratégico global que o mundo já viu", completou.

Momento de Tensão

O governo estadunidense vem manifestando preocupação com o interesse da China em Taiwan, principalmente a partir de especulações sobre um ataque nos próximos anos. Esse cenário de temores, no entanto, levou representantes do governo chinês a desmentir, nos últimos dias, os rumores de uma guerra.

Durante décadas, os EUA se mantiveram cautelosos em sua interferência em assuntos geopolíticos do extremo-oriente, evitando confirmar ou negar se assumiriam a defesa militar de Taiwan no caso de uma investida chinesa.

Mas, muitos analistas e autoridades estadunidenses questionam a eficiência desta política, em meio à determinação de Pequim de que tomará Taiwan pela força, se necessário, por considerá-la uma província ilegítima.

"Acho que provavelmente menos ambiguidade é melhor do que mais ambiguidade", disse Adam Schiff na quarta-feira. "Não queremos fazer nenhum pronunciamento que acelere o pensamento ou cronograma chinês em termos de uso da força militar contra Taiwan", acrescentou.

Nos últimos anos, a China intensificou seus exercícios militares e incursões da força aérea na zona de defesa aérea de Taiwan. Na quinta-feira, a última avaliação do Pentágono sobre as forças armadas chinesas concluiu que o rival asiático estava aumentando seu arsenal nuclear mais rápido do que o previsto.

Apesar das preocupações, não houve nenhum pronunciamento de Pequim ou indicação de ação iminente. Na quarta-feira, os militares da China foram forçados a emitir declarações, desmascarando falsas mensagens de texto pedindo aos reservistas que se preparassem para o recrutamento porque o clima de tensão era grande. Um perfil de mídia social vinculada ao Exército de Libertação Popular, braço militar do Partido Comunista chinês, disse que os textos, que alertavam os destinatários a se "preparar para uma guerra", eram "invenções maliciosas" e seriam investigados.

O medo também foi alimentado por alegações infundadas de que os taiwaneses estavam estocando recursos essenciais e avisos não relacionados do ministério do comércio da China de que as pessoas deveriam adotar as mesmas medidas devido à extrema escassez de alimentos relacionada ao clima.

Por outro lado, o governo de Taiwan declara que já é uma nação soberana e não deseja conflito ou unificação com a China. Com estas tensões, Taiwan vem conquistando o apoio de governos e líderes estrangeiros. Em um evento nesta quinta-feira, o político francês Raphaël Glucksmann, líder da delegação de parlamentares da União Europeia, que chegou a Taiwan na quarta-feira, declarou apoio ao governo taiwanês: "Vocês não estão sozinhos. A Europa está ao seu lado na defesa da liberdade e do Estado de direito. "