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Gleisi defende PT e diz que nota sobre Nicarágua não passou pela direção

Após prisões e exílios na oposição, Ortega teve caminho livre para ser reeleito presidente da Nicarágua - Maynor Valenzuela/Reuters
Após prisões e exílios na oposição, Ortega teve caminho livre para ser reeleito presidente da Nicarágua Imagem: Maynor Valenzuela/Reuters

Do UOL, em São Paulo

10/11/2021 16h36Atualizada em 10/11/2021 16h44

A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), defendeu o PT das críticas direcionadas ao partido devido a uma nota emitida na última segunda-feira (8) sobre as eleições na Nicarágua, realizadas um dia antes e que terminaram com a quarta reeleição de Daniel Ortega.

Em tuíte, Gleisi disse que a nota, assinada por Romenio Pereira, secretário de Relações Internacionais do PT, e publicada no site da legenda, "não foi submetida à direção partidária" e afirmou que a prioridade do partido é "debater o Brasil com o povo brasileiro".

Na mensagem, Gleisi não criticou o teor da nota, se limitando a dizer que "a posição do PT em relação a qualquer país é a defesa da autodeterminação dos povos, contra a interferência externa e pelo respeito à democracia, por parte de governo e oposição".

As eleições na Nicarágua foram realizadas com a reeleição do atual presidente do país, Daniel Ortega, já encaminhada, tendo em vista a onda de prisões e exílios entre opositores — sete postulantes à Presidência foram presos.

Com 75% dos votos válidos, Ortega acabou sendo reeleito para um quarto mandato consecutivo, em chapa composta ao lado da esposa, Rosario Murillo.

Principal personagem da Revolução Sandinista, que derrubou o regime de Anastasio Somoza Debayle em 1979, Ortega foi eleito para presidir a Nicarágua a partir de 1985, ficando no cargo até 1990, tendo voltado ao posto anos depois, em 2007, mantendo-se lá desde então.

Servindo-se de reformas constitucionais, Ortega foi emendando reeleições, até que, em 2018, depois de manifestações opositoras, passou a buscar cercar críticos do governo, se utilizando de leis em que se alegavam proteger o país de intromissões internacionais e "fake news".

Antes mesmo das eleições, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se comprometeu a ampliar sanções à Nicarágua após o pleito, que também foi criticado por comissões de Relações Exteriores de 17 casas parlamentares ao redor do mundo em uma nota conjunta.

O próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em agosto, criticou Ortega em uma entrevista à TV mexicana, aconselhando o líder latino-americano a "não abrir mão" da democracia e pedindo "alternância de poder".

Ainda assim, na nota da Secretaria de Relações Internacionais do PT, Romênio celebrou as eleições na Nicarágua, dizendo que elas foram "uma grande manifestação popular e democrática" de um "país irmão".

Romênio também disse que projeto político de Ortega e Murillo visa "um país socialmente justo e igualitário" e criticou as "diversas tentativas de desestabilização do governo e do bloqueio internacional" contra o país da América Central.

"Esperamos seguir com a FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional, sigla de Ortega) neste caminho de construção de uma América Latina e Caribe livres e soberanos, uma região de paz e democracia social que possa servir de exemplo para todo o mundo", declarou.

No momento, a nota não está mais disponível para leitura no site do PT. No endereço virtual em que ela se encontrava, é exibido um alerta de erro e a mensagem de que "a página que você procura não existe".