Topo

Esse conteúdo é antigo

Hotéis de Los Angeles ainda acolhem moradores de rua por causa da covid

Sem-teto em barraca no centro de Los Angeles  - Frederic J. Brown/AFP
Sem-teto em barraca no centro de Los Angeles Imagem: Frederic J. Brown/AFP

Mateus Omena

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/11/2021 12h58

Durante a pandemia, a cidade e a região metropolitana de Los Angeles, nos Estados Unidos (EUA), alugaram milhares de quartos de hotel para moradores de rua sob risco de contrair o coronavírus. Essa iniciativa foi parcialmente possibilitada pelo apoio do governo federal estadunidense. Desde o início de 2020, quando os casos de covid-19 aumentaram rapidamente no país, administrações municipais passaram a ser reembolsadas por cada dólar gasto no aluguel de quartos e reaproveitamento dos hotéis como moradias temporárias.

O suporte da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (FEMA, do inglês Federal Emergency Management Agency) para os custos associados ao acolhimento de pessoas em quartos individuais estava programado para ocorrer até o final do ano. Contudo, o presidente Joe Biden anunciou no início desta semana que seu governo continuará pagando essas despesas até o final de março de 2022.

A cidade e a região metropolitana de Los Angeles contavam com cerca de 1.400 quartos alugados em nove hotéis para moradores de rua no início deste mês, de acordo com a Autoridade de Sem-teto de Los Angeles. Mas a prefeitura está revisando a extensão do fundo emergencial para lidar com a crescente demanda de leitos seguros para esse público vulnerável.

'Tábua de salvação' para pessoas em situação de rua

O aluguel dos quartos foi uma tábua de salvação para milhares de pessoas que estavam nas ruas ou em grandes abrigos, que se tornaram focos de transmissão comunitária durante a pandemia de covid-19. Embora alguns moradores de rua tenham se sentido incomodados com as regras sobre os horários em que podiam entrar e o que podiam levar para os hotéis, muitos preferiam os abrigos maiores e com melhor infraestrutura.

Os hotéis também têm sido usados por pessoas que estavam hospedadas em parques e locais como o calçadão de Venice Beach, onde as autoridades locais vêm tentando remover acampamentos irregulares. Assistentes sociais se esforçam, há vários meses, para realocar pessoas em situação de rua de outras áreas públicas, como o Echo Park e o MacArthur Park.

Projeto Roomkey

Desde o seu lançamento, o programa de hospedagem em hotéis conhecido como Projeto RoomKey moveu cerca de 9 mil pessoas no distrito de Los Angeles para quartos privativos. Mais de 2 mil deles foram transferidos para residências permanentes. Mas, com um pico de pouco mais de 4.200 quartos, não foi possível alcançar a meta de garantir quartos para cerca de 15 mil moradores de rua com mais de 65 anos ou com uma condição médica que os torna vulneráveis

Inicialmente, quando a pandemia chegou aos EUA, as autoridades da região metropolitana alugaram a maioria dos quartos. A situação se agravou nos últimos meses e agora é a prefeitura de Los Angeles que está alugando quase todas as acomodações. Em março, o prefeito, Eric Garcetti, autorizou a transferência de US$ 75 milhões destinados ao fundo emergencial para construtoras e segurança do Departamento de Construção para o aluguel de hotéis.

O dinheiro ajudou a expandir o número de quartos alugados, mesmo quando a cidade demorou a apresentar pedidos de reembolso de despesas. Nos últimos meses, as autoridades municipais vêm elaborando um plano para começar a fechar os locais. O objetivo é estender o processo para permitir que os prestadores de serviços para moradores de rua encontrem moradia permanente para os que deixam os hotéis.

Pelo plano atual, elaborado antes do anúncio da FEMA, dois hotéis fechariam em dezembro, um em janeiro, três em fevereiro e o último no final de março. A cidade previa receber até US$ 28 milhões em financiamento do estado por meio das autoridades da região metropolitana de Los Angeles para financiar parcialmente os custos do Project Roomkey que não serão reembolsados.

As autoridades municipais não comentaram imediatamente seus planos para o programa, embora tenham declarado que querem continuar sua operação enquanto for financeiramente viável.