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Explosão em mesquita deixa ao menos três mortos e 15 feridos no Afeganistão

Bandeira do Talibã em frente ao aeroporto de Cabul, no Afeganistão - Karim Sahib/AFP
Bandeira do Talibã em frente ao aeroporto de Cabul, no Afeganistão Imagem: Karim Sahib/AFP

Do UOL, em São Paulo*

12/11/2021 08h00Atualizada em 12/11/2021 10h53

Uma explosão deixou ao menos três mortos e 15 feridos, nesta sexta-feira (12), em uma mesquita da província de Nangarhar, ao leste do Afeganistão, declarou uma autoridade talibã à AFP. A região virou o epicentro da recente onda de violência entre o Talibã e o grupo rival Estado Islâmico

De acordo com fontes talibãs, a explosão aconteceu durante a oração de sexta-feira dentro de uma mesquita no distrito de Spin Ghar. O dia é usado para o descanso e também uma ocasião em que muçulmanos se encontram para orar. Até o momento o ataque não foi reivindicado.

Apesar de nenhum grupo ter manifestado o envolvimento com a explosão, o Estado Islâmico do Khorasan (EI-K) já assumiu a responsabilidade por diversos ataques, entre eles de bomba, no Afeganistão desde a retomada do Talibã ao poder do país no mês de agosto. O EI-K é formado por islâmicos sunitas, e que tem um braço muito ativo no território afegão.

"Até o momento, temos três mortos e 15 feridos", disse à AFP um médico do hospital local. Entre os feridos está o imã — líder muçulmano responsável por conduzir as preces na mesquita.

A bomba estava escondida em um alto-falante, próximo do local em que estava o imã, afirmou Walli Mohammed, morador do bairro. A explosão teria acontecido no momento em que alto-falante foi ligado para o início da oração.

Ataques

O ataque de hoje aconteceu nas proximidades de Jalalabad, cidade ao leste do Afeganistão próxima da fronteira com o Paquistão e que se tornou um reduto do braço afegão do grupo extremista Estado Islâmico, que é conhecido como de EI-K.

A imprensa local informou nas últimas semanas uma série de assassinatos na província de Nangarhar, atribuídos a conflitos entre talibãs e combatentes do EI-K.

Desde que tomou o poder no Afeganistão em 15 de agosto, o Talibã, que considera a segurança uma prioridade após 20 anos de guerra, enfrenta uma onda de atentados violentos executados pelo EI-K.

O grupo Estado Islâmico atacou nas últimas semanas os talibãs e a minoria xiita afegã.

Criado em 2014 e presente sobretudo no leste do Afeganistão, o EI-K é um grupo islamita sunita, como o Talibã, mas ainda mais rigoroso e defende uma "jihad global". Apesar de ambos serem muçulmanos sunitas, eles têm visões diferentes do mundo: enquanto o Talibã quer um "califado" dentro do território afegão apenas, o EI quer se expandir o máximo possível e combater uma guerra internacional.

Além disso, esses ataques ocorrem frequentemente contra xiitas, que o Estado Islâmico considera como muçulmanos "infiéis".

Um dos atentados mais recentes, executado no início de novembro contra o Hospital Militar Nacional de Cabul, matou pelo menos 19 pessoas, incluindo um dirigente talibã, e deixou quase 50 feridos.

Mais de 120 pessoas morreram em ataques do EI nas últimas semanas em duas mesquitas frequentadas pela comunidade hazara, uma minoria xiita, em Kandahar (sul) e Kunduz (norte).

Mas o governo Talibã tenta minimizar publicamente a ameaça.

O braço do EI no Afeganistão "está mais ou menos sob nosso controle e não é uma grande ameaça", afirmou na quarta-feira o porta-voz do governo afegão, Zabihullah Mujahid, em uma entrevista coletiva durante a qual anunciou 600 detenções relacionadas com o grupo rival nos últimos meses.

*Com informações da AFP e da Ansa