Tráfico de antiguidades: Bilionário devolve peças avaliadas em R$ 400 mi
Michael Steinhardt, o bilionário pioneiro de fundos de hedge e um dos mais notórios colecionadores de antiguidades de Nova York, entregou 180 objetos roubados avaliados em US$ 70 milhões (quase R$ 400 milhões) e foi impedido de adquirir qualquer outra relíquia, anunciou o gabinete do procurador do distrito de Manhattan, em um comunicado emitido ontem.
A promotoria chegou a um acordo com Steinhardt após extensa investigação, iniciada em 2017, que determinou que as peças apreendidas foram saqueadas e contrabandeadas de 11 países, traficadas para os Estados Unidos por 12 redes ilícitas e apareceram no mercado internacional de arte sem documentação legal.
"Durante décadas, Michael Steinhardt demonstrou um apetite voraz por artefatos históricos, sem se preocupar com a legalidade de suas ações, a legitimidade das peças que comprou e vendeu ou os graves danos culturais que causou em todo o mundo", disse o promotor Cyrus Vance Jr. em entrevista ao The New York Times. "Este acordo estabelece que Steinhardt estará sujeito a uma proibição vitalícia sem precedentes de adquirir antiguidades."
Michael Steinhardt, que completa 81 anos hoje, é um colaborador da Universidade de Nova York e de várias instituições filantrópicas judaicas. Ele tem um conservatório em seu nome no Brooklyn Botanic Garden e também o Steinhardt Gallery no Metropolitan Museum of Art.
Em comunicado, seu advogado, Andrew J. Levander, disse: "Sr. Steinhardt está satisfeito com o fato de que a longa investigação do promotor distrital foi concluída sem quaisquer acusações e que os itens levados indevidamente por outras pessoas serão devolvidos aos seus países de origem. Muitos dos revendedores de quem o Sr. Steinhardt comprou esses itens fizeram representações específicas quanto à titularidade legal dos revendedores dos itens e à sua alegada proveniência. Na medida em que essas representações eram falsas, o Sr. Steinhardt reservou seus direitos de buscar recompensa dos revendedores envolvidos".
Entre os itens entregues por Steinhardt, estava uma cabeça de veado na forma de um recipiente cerimonial datado de 400 a.C., que o bilionário emprestou ao Metropolitan Museum of Art, em Nova York, em 1993. Segundo os promotores, a cabeça, avaliada em US$ 3,5 milhões, apareceu sem procedência no mercado internacional após saques desenfreados na Turquia. E foi adquirida por Steinhardt em 2007 pelo traficante de antiguidades Gil Chaya.
Na mesma época, também foram comercializadas três máscaras mortuárias de pedra, recuperadas por autoridades israelenses. Eles datam de 6.000 a.C. e foram comprados por US$ 400.000.
Outra peça devolvida é um pequeno caixão oriundo da ilha de Creta, na Grécia, datado aproximadamente 1.300 aC, e avaliado em US$ 1 milhão (R$ 5,6 milhões). Steinhardt teria comprado a peça em 2016 por cerca de US$ 575 mil (R$ 3,2 milhões) de outro traficante de antiguidades, Eugene Alexander.
Na coleção, há também uma tigela de ouro que foi traficada pela primeira vez depois que o Estado Islâmico roubou uma herança cultural da antiga cidade assíria de Nimrud, no Iraque. Sem documentos de proveniência, o objeto foi comprado por US$ 150.000 em 2020.
De acordo com os promotores, os objetos serão devolvidos aos seus donos na Bulgária, Egito, Grécia, Iraque, Israel, Itália, Jordânia, Líbano, Líbia, Síria e Turquia. Eles também afirmaram que Steinhardt possui e comercializou mais de 1.000 antiguidades desde 1987 e sua coleção de arte foi avaliada em cerca de US$ 200 milhões.
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