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Jornalistas recebem Nobel da Paz com críticas a governos e 'big techs'

Maria Ressa e Dmitri Muratov se abraçam durante entrega do Prêmio Nobel da Paz em Oslo, na Noruega - NTB/via REUTERS
Maria Ressa e Dmitri Muratov se abraçam durante entrega do Prêmio Nobel da Paz em Oslo, na Noruega Imagem: NTB/via REUTERS

Do UOL, em São Paulo*

10/12/2021 14h27

Os jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitri Muratov, da Rússia, receberam hoje o Prêmio Nobel da Paz em uma cerimônia realizada em Oslo, na Noruega. Em seus discursos, eles criticaram governos autoritários e as grandes empresas de tecnologia conhecidas como "big techs", a quem eles responsabilizaram por restrições à liberdade de expressão.

Ao aceitar o prêmio, Ressa afirmou que os grandes grupos de tecnologia americanos por permitirem a difusão de "uma lama tóxica" nas redes sociais. Ela também disse que estes grupos "são inimigos dos fatos, inimigos dos jornalistas. Sua natureza é nos dividir e nos radicalizar".

Para ela, a tecnologia utilizada pelas "big techs" "permitiu que o vírus da mentira infectasse cada um de nós, nos fazendo brigar uns com os outros, expondo os nossos medos, nossa raiva e nosso ódio, preparando o terreno para a chegada de líderes autoritários e de ditadores".

Dmitri Muratov, por sua vez, pediu que fosse feito um minuto de silêncio em homenagem aos jornalistas assassinados. ""Fiquemos de pé e honremos com um minuto de silêncio os nossos colegas jornalistas (...) que deram a vida por essa profissão", disse Muratov. "Quero que os jornalistas morram de velhice", acrescentou.

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Maria Ressa e Dmitri Muratov posam após receberem Prêmio Nobel da Paz na cerimônia em Oslo, na Noruega
Imagem: NTB/via REUTERS

Muratov liderou o jornal investigativo Novaya Gazeta, um compromisso que custou a vida de vários de seus colegas. Quando o prêmio foi anunciado, o presidente russo Vladimir Putin alertou que o Nobel não é um "escudo" que o protege do status de "agente estrangeiro", uma classificação que complica muito a atividade das pessoas e organizações, que passam a estar vigiadas.

Na cerimônia de hoje, o jornalista ironizou: "Se tivermos que nos tornar agentes estrangeiros por recebermos o prêmio Nobel da Paz, então assim faremos".

Maria Ressa também reforçou a importância do trabalho jornalístico e a persistência dos profissionais: "sem os fatos, não podemos ter a verdade. Sem a verdade, não podemos ter a confiança. Sem confiança, não temos (...) democracia, e se torna impossível enfrentar os problemas existenciais do nosso planeta. Hoje, mais do que nunca, devemos proteger nossos direitos, caso contrário vamos perdê-los".

Maria Ressa e Dmitri Muratov foram anunciados como os escolhidos para receber o Prêmio Nobel da Paz em outubro deste ano. A escolha foi motivada pela luta a favor da liberdade de imprensa.

Os ganhadores do Nobel recebem um diploma, uma medalha de ouro e um cheque no valor de 10 milhões de coroas suecas (mais de 1 milhão de dólares).

*Com AFP, RFI e Ansa