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Rússia e Belarus vão continuar treinamentos militares, diz ministro

17.fev.22 - Tanques russos em exercícios conjuntos das forças armadas da Rússia e de Belarus em um campo de tiro perto de Brest - HANDOUT/AFP
17.fev.22 - Tanques russos em exercícios conjuntos das forças armadas da Rússia e de Belarus em um campo de tiro perto de Brest Imagem: HANDOUT/AFP

Do UOL*, em São Paulo

20/02/2022 08h34Atualizada em 20/02/2022 09h52

O ministro da Defesa de Belarus, Viktor Khrenin, anunciou hoje a continuidade dos exercícios militares conjuntos com a Rússia, em meio ao aumento das tensões na região. Com isso, os soldados russos permanecerão no país vizinho, que faz fronteira com o norte da Ucrânia, por mais tempo. A previsão era que os exercícios terminassem neste domingo (20).

"Em conexão com o aumento na atividade militar perto das fronteiras externas do país e o agravamento da situação em Donbass, os presidentes de Belarus e da federação russa decidiram continuar testando a resposta das forças do Estado", disse Khrenin em pronunciamento, que também foi publicado pela pasta em um canal do Telegram.

No último dia 10, os países iniciaram um treinamento conjunto que tinha previsão de terminar hoje.

O ministro bielorrusso não detalhou em que parte do país esses treinamentos acontecerão, mas disse que darão continuidade ao exercício anterior. "O foco não mudou, foi pensado para garanitr uma resposta adequada e uma desescalada militar nas preparações daqueles com más intenções perto de nossas fronteiras comuns", declarou Khrenin.

O anúncio de Belarus acontece em meio ao acirramento das tensões no leste europeu e o temor do Ocidente que a Rússia invada a Ucrânia. Países estimam que a Rússia tenha reunido um contingente de 150 mil homens nas fronteiras com o país.

Moscou nega qualquer plano nesse sentido, mas pede "garantias" para sua segurança, em particular a promessa de que Kiev nunca ingressará na Otan, e multiplicou os exercícios militares na região.

O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, disse ontem em entrevista que "todos os sinais indicam que a Rússia está planejando um ataque total à Ucrânia".

"Todos concordamos que o risco de um ataque é muito, muito alto", falou à televisão alemã ARD.

Moscou alega estar retirando soldados das fronteiras com a Ucrânia, mas países da Otan enxergam as declarações com ceticismo. Tanto Stoltenberg quanto o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acreditam que o país liderado por Vladimir Putin está provocando tensão em regiões separatistas para criar uma oportunidade de ataque à Ucrânia.

Moradores de Donetsk, cidade do leste da Ucrânia controlada por separatistas apoiados pela Rússia, disseram ter ouvido diversas explosões na noite deste sábado e início de domingo (horário local). Ainda não há informações sobre a origem das explosões.

A União Europeia pediu que a Rússia diminua a escalada na Ucrânia através da retirada substancial das forças militares da proximidade das fronteiras do país. Um comunicado do alto representante da UE divulgado hoje também destacou o "aumento das violações do cessar-fogo" no leste da Ucrânia nos últimos dias.

Os enfrentamentos entre os rebeldes pró-Rússia e as forças oficiais aumentaram nesta semana em meio à tensão de um conflito entre ucranianos e russos - e também após a Duma, o Parlamento baixo de Moscou, pedir que Putin reconheça as duas regiões como repúblicas independentes. O presidente negou o pedido, dizendo que isso viola os Acordos de Minsk.

Donbass

A região separatista do Donbass vive em constante tensão desde 2014, quando se iniciou a crise mais grave entre Rússia e Ucrânia e que voltou a se acentuar agora.

Os conflitos armados na área foram intensos, com milhares de mortos entre as forças oficiais e os rebeldes, mas se acalmaram e diminuíram desde fevereiro de 2015, quando foram assinados os Acordos de Minsk entre Kiev e Moscou sob a intermediação de Alemanha e França.

Os documentos preveem diversas ações de ambos os governos, mas pouco saiu de papel. O que tinha sido mais implementado, de fato, era o cessar-fogo em Lugansk e Donetsk. Além disso, entre as medidas firmadas pelos dois governos, os russos não poderiam mais financiar os rebeldes e os ucranianos precisariam dar um status de regiões autônomas aos dois locais - mas nenhuma das duas regras foi colocada em prática de fato.

*Com Ansa e AFP