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Brasileiro relata pânico em bunker de Kiev: 'A noite ficou clara'

David Abu-Gharbil mostrou madrugada de grupo em bunker de Kiev  - Reprodução/Instagram
David Abu-Gharbil mostrou madrugada de grupo em bunker de Kiev Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

25/02/2022 09h25Atualizada em 25/02/2022 10h58

O brasileiro David Abu-Gharbil narrou os momentos de pânico que viveu na madrugada de hoje, em meio aos ataques russos em Kiev, capital da Ucrânia. O engenheiro elétrico contou que a "noite clareou" na cidade após um bombardeio nos arredores de seu prédio. Ele e outros moradores correram para se abrigar em um bunker, no subsolo da edificação, sem deixar de destacar o "choque" com a situação.

"Estou desesperado, bora correr. Acabou de explodir uma bomba aqui, a noite clareou, ficou de dia o negócio aqui. Achei que eu ia morrer. Agora a gente vai descer pro bunker para pelo menos se sentir um pouco mais protegido. Por que, pelo amor de Deus, meu coração está a mil, a gente não sabe o que está acontecendo na rua, nós estamos todos em choque", afirmou.

Cerca de cinco horas depois, já no início da manhã de hoje no horário de Brasília, David voltou a atualizar seus seguidores sobre a situação. No bunker, ele contou que uma bomba russa foi interceptada a cerca de 3 km de sua casa, em Kiev.

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David destacou que ele e os colegas conseguiram voltar aos apartamentos para buscar mantimentos, mas que o grupo, que inclui famílias com crianças, pretende continuar no abrigo subterrâneo, com a expectativa de mais ataques ao longo do dia.

"Bom, pessoal, como vocês viram, a gente estava até tranquilo no apartamento, mas gente estava na espreita, então não dormimos, 4h20 caiu uma bomba a uns 3 kms da gente. Ela, na verdade, foi interceptada antes no espaço aéreo e acabou caindo aqui, fez um belo estrago, um belo barulho. A noite ficou dia", detalhou.

"Agora a gente conseguiu subir, porque teve uns ataques de manhã, então a gente estava no bunker, só na espera. Conseguimos subir para pegar mantimentos pra comer agora de manhã e vamos voltar pra lá [para o bunker] porque hoje o dia vai ser pesado e vai ter ataque agora novamente. Não tem como sair, as estradas estão lotadas e a gente está evitando ao máximo andar na rua. Vamos ver, espero que dê tudo certo, que o dia melhore, torçam por nós", completou.

O depoimento de David aconteceu em meio ao segundo dia da invasão russa à Ucrânia. Ontem (24), as forças de Vladimir Putin entraram no território vizinho atacando instalações militares por todo o país, mas também atingindo civis e causando mortes, em uma ação que tem chamado a atenção da comunidade internacional.

Nas últimas horas, um prédio em Kiev foi atingido por um foguete, deixando pessoas feridas. Pela madrugada e início da manhã desta sexta, houve diversos relatos de explosões pela cidade.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, confirmou que áreas residenciais da capital são alvo de bombardeios. Ele ainda fez uma comparação com o nazismo. "Esta noite começaram a bombardear bairros civis. Isto nos recorda a ofensiva nazista de 1941".

A Rússia, por sua vez, diz querer "libertar a Ucrânia da opressão". "[O presidente russo, Vladimir] Putin tomou a decisão de realizar uma operação militar especial para desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia e, assim, livre da opressão, os próprios ucranianos poderão decidir seu futuro", disse Serguei Lavrov, ministro russo das Relações Exteriores.

Segundo o governo ucraniano, ao menos 137 pessoas morreram no primeiro dia da invasão.