Ataques a Kiev e troca de sanções: conflito Ucrânia-Rússia entra no 2º dia
No segundo dia da invasão russa à Ucrânia, novos relatos de ataques pelo país foram registrados. O governo ucraniano tem reforçado o pedido por diálogo para colocar fim à violência na região. Ao mesmo tempo, países têm aplicado sanções à Rússia, que responde.
Ontem (24), a Rússia entrou em território ucraniano e atacou instalações militares por todo o país, mas também atingindo civis e causando mortes, em uma ação que tem chamado a atenção da comunidade internacional.
Novos ataques em Kiev
Um prédio em Kiev, capital da Ucrânia, foi atingido por um foguete, deixando pessoas feridas. Pela madrugada e início da manhã desta sexta, houve relatos de explosões pela cidade. Tropas russas já entraram na capital ucraniana. Um caça da Ucrânia foi abatido por forças russas em Kiev.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse que áreas residenciais de Kiev são alvo de bombardeios. Ele ainda fez uma comparação com o nazismo. "Esta noite começaram a bombardear bairros civis. Isto nos recorda a ofensiva nazista de 1941".
A Rússia, por sua vez, diz querer "libertar a Ucrânia da opressão". "[O presidente russo, Vladimir] Putin tomou a decisão de realizar uma operação militar especial para desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia e, assim, livre da opressão, os próprios ucranianos poderão decidir seu futuro", disse Serguei Lavrov, ministro russo das Relações Exteriores.
O Exército da Ucrânia diz enfrentar unidades de blindados russos nas localidades de Dymer e Ivankiv, situadas a 45 e 80 quilômetros ao norte de Kiev.
Ucranianos de 18 a 60 anos de idade estão proibidos de deixar o país em razão do avanço militar da Rússia —Zelensky também convidou estrangeiros com "experiência de combate" para ajudarem a Ucrânia. Nesta sexta, foram observadas filas em locais para alistamento.
O Ministério da Defesa da Ucrânia chegou a divulgar um comunicado em que pede para que os cidadãos produzam coquetéis molotov. A Ucrânia tem reclamado da falta de apoio efetivo dos Estados Unidos. A França promete enviar armamentos.
Ataques pela Ucrânia
Testemunhas disseram que explosões estrondosas podiam ser ouvidas em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, perto da fronteira com a Rússia, e sirenes de ataque aéreo soaram sobre Lviv, no oeste.
Autoridades ucranianas relataram fortes combates na cidade de Sumy, no leste do país.
O governo da Ucrânia pediu que se pare de divulgar imagens do conflito com o argumento de que isso pode ajudar as forças russas.
Mortes
Segundo o governo ucraniano, ao menos 137 pessoas morreram no primeiro dia da invasão russa, iniciada ontem.
Ucrânia quer conversar
A Rússia terá que falar com a Ucrânia "mais cedo ou mais tarde" para encerrar os combates, afirmou nesta sexta-feira (25) o presidente ucraniano Zelensky no momento em que Kiev era alvo de bombardeios russos.
"A Rússia terá que falar conosco, mais cedo ou mais tarde. Conversar sobre como acabar com os combates e parar esta invasão. Quanto mais cedo a conversa começar, menores serão as perdas, inclusive para a Rússia", declarou Zelensky em um discurso.
O presidente francês, Emmanuel Macron, também tem atuado para abrir o diálogo entre o líder russo, Vladimir Putin, e Zelensky. A França, inclusive, se dispôs a oferecer ajuda para proteger o presidente ucraniano.
Em resposta, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, disse que a Rússia está pronta para negociações com as autoridades ucranianas se a Ucrânia "depuser as armas". "Estamos prontos para negociações, a qualquer momento, assim que as forças armadas ucranianas ouvirem nosso chamado e deporem suas armas."
Busca por abrigo
Em cidades ucranianas, estações de trem tornaram-se abrigos antibombas. Até animais de estimação eram levados para os locais.
Apenas na quinta-feira (24), a agência de refugiados da ONU (Organizações Nações Unidas) afirmou que mais de 100 mil pessoas se deslocaram dentro da Ucrânia, "fugindo da violência por segurança".
A ONU estima que, se o conflito se estender, cerca de 4 milhões de pessoas poderão buscar refúgio em países da região. A Polônia diz já ter recebido 29 mil pessoas vindas da Ucrânia.
Troca de sanções
Em uma retaliação, a Rússia proibiu a entrada em seu espaço aéreo de todos os aviões vinculados com o Reino Unido, depois das sanções impostas por Londres à companhia aérea russa Aeroflot.
A União Europeia "deseja cortar todos os os vínculos entre a Rússia e o sistema financeiro mundial", afirmou o ministro francês da Economia, Bruno Le Maire. "Queremos isolar financeiramente a Rússia (...) Queremos cortar o financiamento da economia russa". O presidente ucraniano pediu que as sanções dos europeus à Rússia sejam intensificadas.
O Banco Central da Rússia, por sua vez, anunciou hoje medidas de apoio aos bancos russos "afetados por sanções dos Estados ocidentais", incluindo os dois maiores bandos do país, VTB e Sberbank. A Rússia também deve ampliar o comércio e os laços econômicos com a Ásia após sanções ocidentais.
Aliados dos russos
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, disse, nesta sexta-feira (25), em telefonema para Putin que a invasão da Ucrânia por parte da Rússia é "uma correção da história e um restabelecimento do equilíbrio da ordem mundial, após a queda da União Soviética".
Já o presidente chinês, Xi Jinping, disse a Putin, também por telefone, que a China apoia a Rússia nos esforços para resolver a crise na Ucrânia através do diálogo. Em resposta, o russo disse que está disposto a manter conversações de alto nível com a Ucrânia.
"Os Estados Unidos e a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] há muito tempo ignoram as preocupações razoáveis da Rússia com a segurança. Repetidamente renegaram seus compromissos e continuaram a avançar com o envio de militares para o leste, desafiando os resultados estratégicos da Rússia", disse Putin a Xi, segundo a imprensa chinesa.
Para na embaixada russa
O papa Francisco foi até à sede da embaixada da Rússia no Vaticano para manifestar sua preocupação sobre a guerra na Ucrânia nesta sexta-feira (25). O encontro durou cerca de meia hora. Não foram dados detalhes da visita, mas a ida do líder católico a uma embaixada fora da agenda é bastante atípica. Ao menos, durante o pontificado de Jorge Mario Bergoglio, isso nunca tinha acontecido durante um conflito.
Protestos
Manifestantes realizaram atos contra os ataques à Ucrânia em diversos países, como Estados Unidos, Alemanha, França, Itália, Irlanda, Lituânia, Polônia, Hungria, Bulgária, Holanda e Japão, entre outros.
Na Rússia, mais de 1.800 pessoas foram detidas em razão de protestos contra o conflito.
(Com AFP, Ansa, RFI e Reuters)
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