Rússia x Ucrânia: Resolução da ONU não deve cessar guerra, diz professor
A votação realizada hoje na Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) que aprovou uma resolução condenando a invasão russa à Ucrânia não deve fazer o país liderado por Vladimir Putin recuar nos ataques, avaliou o professor de relações internacionais da ESPM Roberto Uebel.
Em entrevista ao UOL News, ele destacou que a Rússia é uma grande potência militar, logo, as sanções econômicas não devem afetar a incursão do país ao território vizinho. "Embora esteja passando por um processo que os analistas têm chamado de 'estrangulamento econômico' da Rússia, acho muito difícil que isso consiga parar o avanço das tropas russas em território ucraniano", disse.
O Brasil foi um dos 141 votos favoráveis à resolução da ONU; 5 países votaram contra e 35 se abstiveram. Para o especialista da ESPM, a votação deu clara sinalização de que a maioria dos países se posiciona contra a invasão russa.
"O que chama a atenção são as abstenções da China, Venezuela e Cuba, parceiros estratégicos da Rússia. A abstenção deles representa uma concordância com a grande maioria", afirmou Uebel.
Apesar de a resolução poder ser ineficaz para cessar a invasão à Ucrânia, o professor citou o posicionamento do embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, na justificativa do voto favorável às sanções.
"É o primeiro passo para um cessar-fogo e isso um primeiro estágio para a gente pensar numa situação de busca da paz num médio e longo prazo. Essa resolução da ONU traz mensagem muito clara: o sistema internacional está unido e tem posição muito contrária a essa agressão russa ao território ucraniano."
Na ONU, Brasil escancarou mais uma crise institucional
Para o professor Roberto Uebel, no entanto, a fala do embaixador brasileiro na ONU escancarou mais uma crise institucional interna.
"Vejo uma clara falta de sintonia entre os atores políticos do Brasil. Vemos o presidente da República, por exemplo, declarando solidariedade à Rússia, enquanto o vice declara à Ucrânia. O ministro das Relações Exteriores não teve nenhum encontro nesses sete dias com o embaixador da Ucrânia", disse.
Essa crise internacional derivada do conflito escancarou mais uma crise institucional no Brasil." Roberto Uebel, professor de relações internacionais da ESPM
"Esperava-se que o Brasil votasse a favor ou contra essa resolução [e não se abstivesse] porque é um dos membros rotativos no Conselho de Segurança da ONU, por isso, era esperado uma posição mais assertiva. Porém, essa é uma posição de uma representação brasileira na ONU, não é a que vimos nas declarações do presidente da República."
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