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Ex-embaixador da Ucrânia: 'Otan podia ter reagido antes, desde 2014'

24/03/2022 12h15

A guerra da Rússia pode atingir outros países, de acordo com Rostyslav Tronenko, ex-embaixador da Ucrânia no Brasil. Foi essa possibilidade que motivou os países do Ocidente a reagirem contra os russos, com sanções econômicas e outras medidas de apoio aos ucranianos. Rostyslav participou do UOL Entrevista desta quinta-feira (25), analisou como tem sido o envolvimento internacional no conflito e apontou que houve um atraso na reação da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

"A Otan poderia ter reagido antes. Pelo menos desde 2014 estava claro que isso é uma guerra e que a Rússia não vai parar na Ucrânia. Não posso criticar o Ocidente agora porque eles atenderam a nossos pedidos. Eles nos apoiam politicamente, economicamente e estão providenciando armas - nem todos caças, tanques e sistemas antiaéreos que queríamos, mas essa ajuda está fluindo. O Ocidente acordou, após o sono letárgico dos últimos anos, em que ajudou o país agressor. Não tenho certeza que vão lutar por nós, mas estão apoiando a Ucrânia cada dia mais, porque entendem que essa guerra vai chegar até eles se a Ucrânia não aguentar, se a Ucrânia cair", opinou o ex-embaixador.

Rostyslav também acusou a Rússia de praticar "chantagem nuclear" contra o mundo. Recentemente o governo russo afirmou que usará armas nucleares em caso de "ameaça existencial".

"É a segunda vez, depois da crise dos mísseis de 1962, que a Rússia está ameaçando o mundo e chantageando com armas nucleares. Eles fazem isso na prática. Eles ocuparam Chernobyl e explodiram explosivos na maior planta nuclear da Europa. Eles não descartam essa possibilidade, o que é muito grave", alertou ele.

Atualmente morando em Kiev, Rostyslav Tronenko afirmou que não pretende sair da Ucrânia, mesmo sabendo que "possivelmente" vai morrer.

"Temos certeza que a nossa causa é justa. Se vou morrer? Possivelmente. Mas não é isso que importa. Importa se a causa é justa. E é uma causa pessoal, porque quero que minha filha viva em uma Ucrânia melhor, não sob essa ameaça constante do vizinho desequilibrado e imprevisível ameaçando, destruindo e massacrando o povo ucraniano", concluiu o ex-embaixador, emocionado.