Só uma região ainda usa foice e martelo da velha bandeira comunista
A Guerra na Ucrânia trouxe à tona, novamente, os conflitos que marcam a história do Leste Europeu desde o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1992. São diversos países, com diferentes culturas e grupos étnicos, que disputam território e poder desde então.
Vários símbolos marcaram a URSS. O principal deles é a bandeira.
A foto da bandeira vermelha, com uma estrela, uma foice e um martelo sendo hasteada no topo do Reichstag (parlamento alemão) é uma das fotos mais emblemáticas da Segunda Guerra Mundial. Representa a entrada do Exército Vermelho na capital Berlim, em um dos últimos atos do pior conflito bélico da história da humanidade.
Apesar do fim da URSS, há algumas regiões que ainda utilizam a foice e o martelo, símbolo que liga ao comunismo, em suas bandeiras. Ele é encontrado principalmente em bandeiras de federações (como se fossem os estados brasileiros) russas.
Dois exemplos são: Briansk e Vladimir.
Briansk fica na região oeste da Rússia, perto da fronteira com Belarus. Na bandeira, o símbolo aparece sobre o emblema estampado na parte central. Vladimir também fica na porção oeste, a 190 quilômetros de Moscou. Neste caso, a foice e o martelo aparecem no canto superior esquerdo da bandeira.
Em uma cidade russa também é encontrada a foice e o martelo no emblema oficial. É o caso de Oriol, que fica na região de mesmo nome, na região oeste do país. A cidade foi fundada em meados do século 16 por Ivan, o Terrível.
Transnístria
Mas a principal região que ainda usa o símbolo é a Transnístria, uma região de 4.200 quilômetros quadrados (tamanho próximo da cidade de Uberlândia, em Minas Gerais), com uma população em torno de 500 mil habitantes (aproximadamente a mesma de Macapá, capital do Amapá), que está entre a Moldávia e a Ucrânia.
Oficialmente é um território que pertence à Moldávia. No entanto, a população local não reconhece o governo moldávio e tem seu próprio governo independente.
A Transnístria é presidencialista e comandada por Vadim Krasnoselsky desde dezembro de 2016. O governo, no entanto, não é reconhecido por nenhum país da Organização das Nações Unidas (ONU).
A bandeira é a mesma da República Soviética da Moldávia.
Desde o início da década de 90, a região conta com ajuda militar da Rússia. O desejo do governo local é que a região seja incorporada ao território russo —ali, a maioria fala russo.
A Transnístria foi anexada ao território da República da Ucrânia no início do século 20, com a criação da União Soviética.
Com o fim da Segunda Guerra, a URSS conseguiu retomar o controle da região, que voltou a pertencer à Moldávia.
Mais de 30 anos depois, começou uma nova guerra, em 1990, quando o governo da Moldávia enfrentou os separatistas, que tinham o apoio do então presidente da URSS, Mikhail Gorbachev. O conflito durou cerca de dois anos, até que em 21 de julho de 1992 foi assinado um acordo de cessar-fogo que dura até os dias atuais.
A região, no entanto, ainda é palco de conflito. A Rússia mantém soldados no local e a Transnístria luta para ser anexada pelos russos.
A região tem um Banco Central próprio, uma empresa estatal (que cuida de supermercados, cassinos e rede de telefonia) e tem a economia baseada em produção de aço, energia elétrica e produção têxtil.
Também há um time de futebol na região, o Sheriff, ligado a Viktor Gushan e Ilya Kazmaly (ex-membros da KGB, a agência de inteligência soviética) —o clube foi sensação da atual temporada ao vencer o Real Madrid na Uefa Champions League.A Uefa, federação de futebol europeia, reconhece o clube como sendo da Moldávia. Foi o primeiro time do país a chegar na fase de grupos da competição.
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