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Eleição na França: Le Pen é acusada de desviar 600 mil euros da UE

Marine Le Pen disputa segundo turno de eleição francesa contra o atual presidente, Emmanuel Macron - Reprodução/Twitter @MLP_officiel
Marine Le Pen disputa segundo turno de eleição francesa contra o atual presidente, Emmanuel Macron Imagem: Reprodução/Twitter @MLP_officiel

Do UOL, em São Paulo*

17/04/2022 18h30

A uma semana do segundo turno das eleições na França, marcado para 24 de abril, a candidata da extrema-direita Marine Le Pen é acusada de desviar dinheiro público da União Europeia. As denúncias foram publicadas ontem (16) pelo site francês Mediapart.

O portal divulgou um relatório do Olaf (Escritório Europeu de Luta Antifraude), entregue à Justiça francesa, no qual Le Pen e três pessoas próximas a ela são acusadas de desviar mais de 600 mil euros (cerca de R$ 3 milhões) durante o seu mandato como deputada do Parlamento Europeu.

O documento aponta que somente Le Pen é suspeita de desviar cerca de 137 mil euros (quase R$ 700 mil) da sede do Parlamento Europeu de Estrasburgo, na França, entre 2004 e 2017.

Também são acusados de desviar dinheiro público outros três ex-deputados europeus: o pai dela, Jean-Marie Le Pen, seu ex-marido, Louis Aliot, e Bruno Gollnisch, membro do escritório nacional do RN (sigla de Reunião Nacional, partido de Le Pen).

De acordo com o relatório, os quatro utilizaram o dinheiro para arcar com despesas pessoais e fazer pagamentos para empresas ligadas ao RN e ao grupo parlamentar de extrema-direita ENL (Europa das Nações e Liberdades).

Membros do RN criticam acusações

Le Pen não comentou as acusações, mas políticos do RN disseram que a publicação busca interferir nas eleições presidenciais, que a candidata disputa contra o atual presidente Emmanuel Macron.

"Os franceses não se deixarão enganar pelas tentativas da União Europeia e das instituições europeias para interferir na campanha presidencial e prejudicar Marine Le Pen", disse o presidente do RN, Jordan Bardella, à TV Cnews.

Bardella também declarou que o Olaf já havia sido alvo de duas reclamações por parte do RN. "Obviamente haverá uma terceira queixa", acrescentou.

"O país onde o poder tenta criminalizar os opositores através de montagens grosseiras se chama ditadura", disse Philippe Olivier, conselheiro de Le Pen, em sua conta do Twitter.

Segundo a AFP, promotores franceses estão examinando as denúncias. Um funcionário do Parlamento Europeu disse à agência que o escritório busca recuperar o dinheiro desviado.

Eleições francesas

No primeiro turno, realizado em 10 de abril, Macron teve 27,8% dos votos e Le Pen ficou com 23,1%. Atrás dos dois, o candidato de esquerda Jean-Luc Mélechon teve quase 22% dos votos. Tanto Macron quanto Le Pen disputam, agora, os votos conquistados por Mélechon.

Além disso, os dois lidam com a dificuldade de convencer os indecisos e faltantes, que no primeiro turno ultrapassaram 26%. Até o momento, as pesquisas eleitorais indicam que a disputa do segundo turno segue apertada: Macron lidera por 55,5% contra 53% de Le Pen.

Nesta quarta-feira (20), os dois se enfrentam em um debate eleitoral conduzido por jornalistas das TVs France 2 e TF1.

Em 2017, Macron venceu o segundo turno contra Le Pen por 66% a 34%. Naquele mesmo ano, Le Pen passou a ser investigada por suspeita de empregos fantasmas no Parlamento Europeu.

*Com informações de AFP, RFI e Reuters