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Por que preferência de Macron por enfrentar Le Pen virou estratégia arriscada?

Emmanuel Macron e Marine Le Pen disputam o segundo turno da eleição presidencial na França - Reuters
Emmanuel Macron e Marine Le Pen disputam o segundo turno da eleição presidencial na França Imagem: Reuters

15/04/2022 15h56

A revista L'Obs desta semana traz uma reportagem com o título: "Marine Le Pen, a melhor inimiga de Macron". De acordo com o texto, o presidente da França, cujo programa de governo diverge totalmente daquele proposto pela candidata do partido de extrema direita Reunião Nacional, "sempre quis participar de um novo duelo contra ela". Mas a publicação avalia que agora essa é "uma estratégia arriscada".

Para a revista francesa, "os macronistas têm dificuldade de enxergar a classificação de Le Pen para o segundo turno da eleição presidencial como uma má notícia. Pois, para muitos, isso sempre foi sinônimo de uma vitória certa".

A principal diferença, agora, é a banalização dos extremos. "Eu quase não ouvi dizer que ela é de extrema-direita", questionou o presidente Macron a um grupo de jornalistas que cobriam seu deslocamento a uma estação balneária da Charente-Maritime, no oeste da França.

"Há 20 anos, a mídia dizia 'é terrível', mas não existe mais esta reação", lamentou. "O mundo político-midiático mudou, as pessoas banalizaram a extrema-direita. Eu não", completou o candidato à reeleição.

Se tanto Marine Le Pen quanto Emmanuel Macron ganharam espaço com a queda da esquerda e da direita na França, a batalha agora acontece na dualidade entre "os progressistas e os nacionalistas", analisa a L'Obs.

Quem promete economizar mais?

Já a revista Le Point compara os programas dos dois candidatos.

Enquanto o de Emmanuel Macron "visa o surgimento de uma soberania europeia, concebida como um trampolim para a independência francesa frente à gigantes como China e Estados Unidos", o programa de Marine Le Pen "põe toda a atenção sobre a soberania nacional", mesmo que ela tenha evitado, nos últimos tempos, a ideia antes defendida do "Frexit", ou seja, a saída da França da União Europeia.

No campo econômico, a revista destaca que enquanto a estratégia Macron traria uma economia real de 13 bilhões de euros aos cofres públicos.

De acordo com os cálculos do Instituto Montaigne, citado pela reportagem, a candidata do partido Reunião Nacional "manteve as bases de um programa fundamentalmente anti-imigração, com a promessa de uma economia de 18 bilhões de euros por ano às finanças públicas".

Na plataforma Le Pen, alguns benefícios sociais seriam reservados apenas aos franceses. Le Point analisa, contudo, que a promessa de redução de impostos sobre combustíveis e a supressão de outras taxas para aumentar o poder aquisitivo da população, medidas prometidas por Le Pen, podem criar um "déficit na ordem de 1,8 a 2,5 pontos do PIB, em cinco anos".

A hora do debate

A revista L' Express, por sua vez, põe em evidência a importância do debate entre os dois candidatos, previsto para o dia 20 de abril, apresentado como determinante para Marine Le Pen sonhar com uma vitória no segundo turno.

"Agressiva na forma, mas confusa no conteúdo, o debate de 2017 apontou as fraquezas da candidata de extrema-direita", afirma a publicação, lembrando o duelo entre os dois candidatos na última eleição presidencial, em que a candidata foi apontada como a grande perdedora.

Desta vez, a equipe de Le Pen promete uma mudança de atitude. Ela deverá falar mais de seu programa, em vez de atacar o adversário. Para os seus apoiadores, "após uma performance tão ruim, há cinco anos, o contraste será uma vantagem para Le Pen", resume a revista.