Ucrânia: Ao menos 600 morreram em ataque a teatro de Mariupol, diz agência
Uma investigação feita pela agência de notícias norte-americana AP (Associated Press) apontou que cerca de 600 pessoas morreram no ataque da Rússia ao teatro de Mariupol, na Ucrânia, usado como abrigo por civis.
O bombardeio ao Teatro Acadêmico Regional de Drama de Donetsk, maior abrigo antiaéreo da cidade, ocorreu em 16 de março e destaca-se como o ataque mais mortal conhecido contra civis até hoje no conflito, que já dura 73 dias.
A investigação da AP, que se baseou no depoimento de sobreviventes, socorristas, além da análise de fotos e documentos, estimou que ao menos 600 pessoas, incluindo crianças, foram mortas dentro e fora do prédio. A agência diz que a metodologia usada foi revisada por especialistas.
Fotos de satélite mostraram a palavra 'criança' escrita com letras bem grandes, em russo, em frente e atrás do prédio da casa de espetáculos. A Rússia nega ter atacado o local e diz que não mira alvos civis, embora seus ataques a inúmeros prédios residenciais e outras instalações não-militares tenham sido registradas em todo o país.
Oksana Syomin, uma das sobreviventes do ataque ao teatro, contou à agência que teve que pisar nos corpos de mortos para escapar do prédio.
"Todas as pessoas ainda estão sob os escombros, porque os escombros ainda estão lá - ninguém os desenterrou", disse Syomina, chorando com a lembrança. "Esta é uma grande vala comum."
A investigação também refuta as alegações russas de que o teatro foi demolido por forças ucranianas ou serviu como base militar ucraniana. Nenhuma das testemunhas viu soldados ucranianos operando dentro do prédio.
James Gow, professor de segurança internacional do King's College de Londres, disse à AP que documentar o que aconteceu no teatro é fundamental para estabelecer um padrão de crimes contra a humanidade na Ucrânia.
"Esse forte depoimento de testemunha será importante para estabelecer que a conduta (ilegal da Rússia) foi generalizada ou sistemática", disse Gow, que também atuou como testemunha especialista no Tribunal Penal Internacional da ONU (Organização das Nações Unidas) para a ex-Iugoslávia.
A cidade de Mariupol é considerada peça-chave da ofensiva de Moscou porque permitiria a criação de um corredor terrestre entre as áreas separatistas pró-Rússia no leste e a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
Retirada de civis
Mais 50 pessoas, incluindo mulheres, crianças e idosos, deixaram a siderúrgica Azovstal, em Mariupol neste sábado (7), noticiou a agência Interfax citando informações da sede de defesa territorial da República Popular de Donetsk.
No total, 500 pessoas já foram evacuadas do local, que é considerado o último ponto de resistência ucraniana em Mariupol. A região passa por um período de cessar-fogo para permitir a saída segura de civis de Azovstal.
A operação de retirada, entretanto, já foi encerrada após denúncias de autoridades ucranianas de violação do cessar-fogo.
"Estamos evacuando o máximo de pessoas possível", disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na sexta-feira em uma videoconferência organizada pelo think tank Chatham House de Londres. "Mariupol nunca vai cair (...) Está devastada, não sobrou nada, tudo foi destruído", acrescentou.
Oleksii Arestovich, conselheiro do presidente ucraniano, denunciou que a Rússia "tenta liquidar os defensores de Azovstal e está tentando fazê-lo antes de 9 de maio como um presente a Vladimir Putin".
Todos os anos, neste dia, a Rússia celebra sua vitória sobre a Alemanha nazista em 1945 com um grande desfile militar na Praça Vermelha de Moscou.
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