Ucrânia: Zelensky anuncia resgate de 300 civis em siderúrgica de Mariupol
Mais de 300 civis foram resgatados da siderúrgica Azovstal, na cidade de Mariupol. A informação foi divulgada por Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, em pronunciamento neste sábado (7).
"Sou grato às equipes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e das Nações Unidas por nos ajudarem a realizar a primeira fase da missão de evacuação da Azovstal", afirmou Zelensky. Segundo ele, o contingente de 300 pessoas é formado por mulheres e crianças e foi resgatado ao longo dos últimos sete dias.
No começo deste sábado, a operação de retirada foi interrompida antes do previsto. Isso aconteceu por conta de denúncias de autoridades ucranianas ligadas à violação do cessar-fogo firmado com a Rússia.
O pacto foi estabelecido para permitir a saída segura de civis de Azovstal. A siderúrgica era considerada o último ponto de resistência ucraniana em Mariupol.
Agora, o resgate deve ter uma segunda fase, voltada para médico e militares, com início previsto para os próximos dias. Segundo o governo ucraniano, há soldados estão feridos na Azovstal.
A cidade de Mariupol é considerada peça-chave da ofensiva de Moscou porque permitiria a criação de um corredor terrestre entre as áreas separatistas pró-Rússia no leste e a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
Derrubar o último reduto de resistência em Mariupol também seria uma grande vitória para Moscou, mais de dez semanas após a invasão da Ucrânia.
Ucrânia acusa Rússia de bombardear escola em Luhansk
Serhiy Hayday, chefe da administração militar da região de Luhansk, afirmou que uma aeronave russa bombardeou uma escola na vila de Bilohorivka. Noventa pessoas usavam o local como abrigo.
De acordo com Hayday, pelo menos, 30 pessoas foram retiradas dos escombros do prédio. O resgate dos sobreviventes seguia em curso até 18h deste sábado (horário de Brasília).
Ao menos 600 morreram em ataque a teatro de Mariupol
Uma investigação feita pela agência de notícias norte-americana AP (Associated Press) apontou que cerca de 600 pessoas morreram no ataque da Rússia ao teatro de Mariupol, na Ucrânia, usado como abrigo por civis.
O bombardeio ao Teatro Acadêmico Regional de Drama de Donetsk, maior abrigo antiaéreo da cidade, ocorreu em 16 de março e destaca-se como o ataque mais mortal conhecido contra civis até hoje no conflito, que já dura 73 dias.
A investigação da AP, que se baseou no depoimento de sobreviventes, socorristas, além da análise de fotos e documentos, estimou que ao menos 600 pessoas, incluindo crianças, foram mortas dentro e fora do prédio.
Fotos de satélite mostraram a palavra 'criança' escrita com letras bem grandes, em russo, em frente e atrás do prédio da casa de espetáculos. A Rússia nega ter atacado o local e diz que não mira alvos civis, embora seus ataques a inúmeros prédios residenciais e outras instalações não-militares tenham sido registradas em todo o país.
"Não há mais nada"
"Estamos evacuando o máximo de pessoas possível", disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na sexta-feira em uma videoconferência organizada pelo think tank Chatham House de Londres.
"Mariupol nunca vai cair (...) Está devastada, não sobrou nada, tudo foi destruído", acrescentou.
Oleksii Arestovich, conselheiro do presidente ucraniano, denunciou que a Rússia "tenta liquidar os defensores de Azovstal e está tentando fazê-lo antes de 9 de maio como um presente a Vladimir Putin".
Todos os anos, neste dia, a Rússia celebra sua vitória sobre a Alemanha nazista em 1945 com um grande desfile militar na Praça Vermelha de Moscou.
Neste sábado, os últimos ensaios foram realizados na capital russa antes do desfile, que será inevitavelmente permeado pela Ucrânia, onde a intervenção militar é marcada por dificuldades para Moscou.
O discurso de Putin também será a ocasião para se dirigir aos líderes ocidentais e emitir novos alertas, depois que as autoridades russas mencionaram a ameaça nuclear em várias ocasiões nas últimas semanas.
Novos ataques
O governo de Odessa informou neste sábado (7) que a Rússia disparou quatro mísseis de cruzeiro contra a cidade portuária, localizada no sul da Ucrânia.
O chefe de administração militar regional de Odessa, Maxim Marchenko, determinou um toque de recolher obrigatório entre às 22 horas de 8 de maio e às 5 horas do dia 10 de maio (horário local).
A restrição afasta civis das ruas no momento em que a Rússia tem planos para celebrar o 9 de maio. Autoridades do Ocidente acreditam que o dia simbólico será usado pelo presidente russo Vladimir Putin para declarar oficialmente guerra contra a Ucrânia.
Ataques também foram registradas em outras regiões entre a noite de ontem e a manhã de hoje, inclusive em Sumy e Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia.
Um porta-voz da região de Sumy, Andriy Demchenko, informou que nenhum guarda de fronteira ficou ferido nos bombardeios. "Lançamentos de foguetes foram registrados duas vezes na Ucrânia. Um dos aviões atingiu mísseis em território russo", acrescentou.
A região de Sumy fica no nordeste da Ucrânia e faz fronteira com a Rússia.
Na cidade de Kramatorsk, no leste ucraniano, um ataque de mísseis deixou duas pessoas feridas, informou o prefeito Oleksandr Honcharenko.
Hoje, o exército ucraniano afirmou que destruiu um navio militar russo perto da Ilha da Cobra, no Mar Negro, informação não confirmada por Moscou.
Paralelamente, um relatório do Ministério da Defesa britânico estimou que "o conflito na Ucrânia gera perdas nas unidades russas mais capacitadas".
Risco de conflitos na Transnístria
Nas fronteiras da Ucrânia, as autoridades da região separatista pró-russa moldava da Transnístria relataram quatro explosões sem causar vítimas na noite de sexta-feira (6).
A Transnístria, uma região separatista apoiada pela Rússia, separou-se da Moldávia após uma breve guerra em 1992. Desde então, Moscou enviou cerca de 1.500 soldados para lá.
Os temores de que o conflito na Ucrânia se espalhe para a Transnístria aumentaram depois que um general russo afirmou que a ofensiva do Kremlin na Ucrânia busca estabelecer um corredor para essa região separatista.
*Com informações de ANSA e AFP
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