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Turquia ameaça atrasar em um ano entrada de Suécia e Finlândia na Otan

Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, que é contrária à entrada de Suécia e Finlândia na Otan - REUTERS/Yves Herman
Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, que é contrária à entrada de Suécia e Finlândia na Otan Imagem: REUTERS/Yves Herman

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

14/06/2022 13h30

A Turquia ameaça adiar, por mais de um ano, as entradas de Suécia e Finlândia na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) caso não receba garantias satisfatórias de que os dois países estão dispostos a paralisar apoio a grupos que o governo turco define como organizações terroristas.

De acordo com reportagem publicada pelo jornal britânico The Guardian hoje, a questão ameaça inviabilizar a cúpula da Otan marcada para 29 de junho, em Madrid, na Espanha.

Os turcos entendem que Suécia e Finlândia abrigam supostos membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e se opõem às decisões de 2019 que proíbem exportações de armas para Ancara por causa das operações militares da Turquia na Síria.

Segundo o The Guardian, a ofensiva diplomática tem o objetivo de destacar o apoio sueco a grupos curdos localizados no Norte da Síria que estariam ligados ao PKK, organização vista como terrorista por Estados Unidos, União Europeia e Turquia.

"Esta é uma questão de interesse nacional vital, e estamos preparados para impedir sua adesão por até um ano, se necessário", disse Akif Ça?atay K?l?ç, parlamentar do partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP).

Ele destacou também que a Turquia respeita seus próprios deveres e responsabilidades com a aliança.

"O que [Suécia e Finlândia] vão fazer? Eles têm abrigado organizações terroristas que matam meu povo, desrespeitam minhas fronteiras, representam uma ameaça existencial ao meu país. A única coisa que exigimos é que não haja distinções. Uma organização terrorista é uma organização terrorista", completou.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, elogiou os esforços suecos para lidar com as preocupações da Turquia, mas reconhece que os planos para uma adesão rápida podem estar ameaçados, de acordo com o The Guardian.

Na última sexta, 10, a Suécia tentou acalmar a Turquia publicando um documento de política externa que destacava a necessidade de combater o terrorismo e abriu caminho para retomar as vendas de exportação de armas para os turcos.

O documento diz que a Suécia "contribuiria para toda a segurança da Otan, incluindo a da Turquia". Uma lei antiterrorismo, que deve entrar em vigor em 1º de julho, dá aos serviços de inteligência suecos maior liberdade para monitorar as comunicações de simpatizantes terroristas suspeitos.

A Finlândia, por sua vez, tem menos problemas com a Turquia, mas informou que é improvável que avance com um pedido de adesão sem a Suécia.

A mídia finlandesa ressalta que o país recebeu 10 pedidos de extradição relacionados à Turquia entre 2019 e 2022. Dois deles foram concedidos e outros sete estão sendo avaliados.

Em uma tentativa de acalmar os ânimos, a Grã-Bretanha deu garantias de segurança para suecos e finlandeses durante o período de negociações.

Para que novos membros possam fazer parte da Otan, todos os países que integram o bloco devem chegar a uma decisão unânime.