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Escobar brasileiro: Quem é o major Carvalho, preso por tráfico na Hungria

Ex-major Sergio Roberto de Carvalho - Reprodução
Ex-major Sergio Roberto de Carvalho Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

22/06/2022 04h00Atualizada em 22/06/2022 12h17

O ex-policial militar Sérgio Roberto de Carvalho, 63, o major Carvalho, foi preso, nesta terça-feira (21), na Hungria, após anos de buscas pelas autoridades nacionais e internacionais. Carvalho é conhecido como o "Escobar Brasileiro" e é considerado um dos maiores narcotraficantes do mundo em atividade. A prisão dele foi confirmada pela Polícia Federal à coluna de Josmar Jozino no UOL.

Carvalho ganhou o apelido de Escobar em alusão ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar. Ele comandava uma grande organização criminosa, que enviou 45 toneladas de cocaína para a Europa — um material avaliado em R$ 2,25 bilhões, segundo as investigações da Polícia Federal. O esquema teve início em 2017.

A droga era enviada pelos portos de Paranaguá (PR), Santos (SP) e outras cidades do Sul e Nordeste, destinados aos portos de Antuérpia (Bélgica); Gioia Tauro e Livorno (Itália); Hamburgo (Alemanha); Barcelona e Algeciras (Espanha), Lisboa (Portugal) e Le Havre (França).

Carvalho já estava na mira das autoridades internacionais pelas atividades ilícitas e chegou a ser dado como morto no dia 20 de agosto de 2020. O médico Pedro Martin Matos, de Málaga, foi quem assinou o atestado de óbito do criminoso. Ele está sendo investigado.

Ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Carvalho começou a vida no crime ainda na década de 1980, quando foi investigado e denunciado pelo crime de contrabando.

A primeira prisão foi em Guarujá, na Baixada Santista, em 15 de novembro de 1997. A ação ocorreu dias após a Polícia localizar uma aeronave com 250 kg de pasta base em uma propriedade rural dele em Rio Verde (MS).

Em 1999, o Major Carvalho cumpria pena no Presídio Militar de Mato Grosso do Sul e foi flagrado com US$ 180 mil e R$ 27 mil escondidos debaixo do colchão. No ano seguinte, ele deixou a prisão — e voltou sete anos mais tarde.

Em 2010, foi acusado de desviar R$ 3,9 milhões de um inventário e foi expulso dos quadros da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul apenas em 2018, dois anos após ter desaparecido de Campo Grande. Foi também naquele ano que ele foi visto pela última vez no Brasil. As investigações da Polícia Federal indicavam que ele tinha fugido para Lisboa, em Portugal, usando documentos falsos.

Ele chegou a ser preso em agosto do mesmo ano com o nome falso de Paul Wouter, acusado de ser dono de 1.700 quilos de cocaína apreendidos em um navio na Espanha. No entanto, pagou uma fiança de 200 mil euros e deixou o presídio.

Foi então que ele decidiu forjar a própria morte ao saber que o Ministério Público da Espanha iria pedir a condenação dele, com pena prevista de 13 anos e seis meses de prisão.

Carvalho driblou por diversas vezes as autoridades europeias e até deixou para trás 11 milhões de euros escondidos em uma van em um apartamento na capital portuguesa.

O transporte por aviões particulares, o conhecimento dos procedimentos policiais, a utilização de documentos falsos bem elaborados e a lavagem de dinheiro dificultavam a localização do criminoso pelas autoridades.

Em junho de 2020, Carvalho foi acusado de se utilizar da pandemia da covid-19 para lavagem de dinheiro. A suspeita veio após um Boeing 747-400F, que vinha da China, pousar no aeroporto internacional de Florianópolis, carregado com 10 milhões de máscaras de proteção facial e EPIs (Equipamentos de Proteção Individual).

Na ocasião, as informações eram as de que os produtos tinham sido adquiridos por uma importação privada. No entanto, mais tarde, a Polícia Federal, descobriu que a importação foi feita por uma empresa investigada por suspeita de ligação com a organização criminosa liderada por Carvalho.

Na ação desta terça-feira, policiais informaram que Carvalho portava um passaporte mexicano falsificado. Os relatos dão conta de que ele não resistiu à prisão.