Pelosi deixa Taiwan após viagem que acirrou crise entre EUA e China
A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, partiu de Taiwan às 18h (7h pelo horário de Brasília) de hoje, após uma passagem rápida pela ilha que gerou fortes reações da China.
Pelosi desembarcou na noite de ontem (à tarde no Brasil) após uma série de especulações envolvendo seu tour pela Ásia, cujo itinerário não previa oficialmente a parada polêmica.
As suspeitas, porém, foram o suficiente para desencadearem respostas de repúdio do governo central chinês, que chegou a impor sanções contra importações de Taiwan e organizar exercícios militares nas cidades costeiras voltadas à "província rebelde".
Pelosi, por sua vez, disse que a decisão de passar por Taiwan era demonstrar "paz" e amizade pela ilha.
"Viemos como amigos para Taiwan, viemos em paz para a região", disse ela, a mais alta autoridade dos EUA a visitar Taiwan em 25 anos, durante uma reunião com o vice-presidente do parlamento taiwanês, Tsai Chichange.
China e Taiwan estão separadas de fato desde 1949, quando as tropas comunistas de Mao Tsé-Tung derrotaram os nacionalistas, que se refugiaram na ilha. Washington reconheceu em 1979 o governo de Pequim como representante da China, mas prosseguiu com o apoio militar a Taiwan.
A "reunificação" da China é uma meta prioritária para o presidente chinês, Xi Jinping, mas o governo autônomo da ilha, apesar de não ser reconhecido pela maioria dos países como independente, resiste à possibilidade.
O dia de Pelosi em Taiwan
Ao longo do dia que teve na capital Taipé, além do encontro com o vice-presidente do parlamento taiwanês, Pelosi teve uma reunião com a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, que a concedeu a maior honraria civil taiwanesa.
Nas redes sociais, Ing-wen disse que a visita da congressista "envia uma mensagem ao mundo de que as democracias estão juntas diante de desafios comuns".
Antes do encontro, Tsai Ing-wen respondeu à China e disse a ilha "não recuará" diante das ameaças.
As autoridades de Taiwan informaram durante a noite de terça para quarta-feira que 21 aviões militares chineses entraram na zona de identificação de defesa aérea da ilha - uma área muito maior que seu espaço aéreo.
O Ministério da Defesa taiwanês afirmou estar "determinado" a proteger a ilha contra qualquer ataque. Diversos navios americanos também cruzam a região, incluindo o porta-aviões USS Ronald Reagan, de acordo com fontes militares americanas.
A reação da China à viagem de Pelosi
Em um novo pronunciamento condenando a visita de Pelosi, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, prometeu "punições" aos que "ofenderem a China", e chamou a iniciativa de farsa.
"É uma farsa pura e simples. Sob o pretexto de democracia, os Estados Unidos violam a soberania da China", declarou o ministro, que participava de uma reunião da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), em Phnom Penh.
As reações chinesas vieram rapidamente também pelas relações comerciais. A China anunciou nesta quarta-feira a suspensão da importação de frutas cítricas e certos peixes de Taiwan, assim como a exportação de areia para a ilha
Pequim afirma ter detectado "repetidamente" um tipo de parasita prejudicial em frutas cítricas e ter registrado níveis excessivos de pesticidas. Embalagens contendo dois tipos de peixe também deram positivo para coronavírus.
Para a suspensão da exportação de areia para Taiwan, no entanto, não houve qualquer explicação.
*Com informações da AFP e RFI
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