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Quase intacto: navio naufragado há 400 anos é achado e surpreende alemães

Mergulhadores descobriram navio de 400 anos atrás nas profundezas do rio Trave - Divulgação/Christian-Albrechts-Universität zu Kiel
Mergulhadores descobriram navio de 400 anos atrás nas profundezas do rio Trave Imagem: Divulgação/Christian-Albrechts-Universität zu Kiel

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/08/2022 09h21

Arqueólogos marítimos anunciaram a descoberta de um raro navio de carga naufragado há 400 anos, no norte da Alemanha. Os destroços do cargueiro estavam em ótimo estado de conservação.

De acordo com o site Live Science, a embarcação transportava cal virgem para a indústria de construção do século 17. Estima-se que o navio seja do período Hanseático, quando guildas comerciais de países do Norte da Europa possuíam o controle dos mares Báltico e do Norte entre os séculos 13 e 17.

Os vestígios da presença de um navio naufragado foram identificados em meados de 2020, durante uma pesquisa de sonar de rotina realizada pelas autoridades do rio Trave, em Schleswig-Holstein. A embarcação está afundada a 11 metros de profundidade do rio.

Ao longo da expedição, os mergulhadores também encontraram barris de cal junto ao barco. Para os pesquisadores, a construção resistiu por tantos anos porque ficou totalmente coberta por uma camada de lama fina transportada pelo Trave, que protegeu a embarcação da deterioração.

Isso evitou o apodrecimento da madeira debaixo d'água e a invasão de moluscos de água salgada, também chamado de cupim-do-mar (Teredo navalis). Essas criaturas são conhecidas como grandes devoradoras de madeiras, segundo o Live Science.

Por contornar todas essas adversidades, a embarcação é uma das poucas de sua época que já foram encontradas, especialmente sem graves danos estruturais.

Segundo Fritz Jürgens, arqueólogo marítimo que coordenou a pesquisa, a conservação do barco não se deve apenas à ausência de infestação, mas também ao peso da carga. Os mergulhadores identificaram barris de madeira quase intactos no navio de 20 a 25 metros, indicando que ele carregava cal quando naufragou.

"Ainda existem cerca de 70 barris em sua localização original e outros 80 nas imediações", explicou Manfred Schneider, líder do projeto. "O navio, portanto, afundou quase de pé e não virou."

A cal virgem é produzida a partir da combustão de calcário. Esse material era bastante usado para argamassa de alvenaria.

"A fonte para isso teria sido a Escandinávia — no meio da Suécia ou no norte da Dinamarca. Sabemos que essa carga vinha de lá, provavelmente para Lübeck, porque o norte da Alemanha não tem grandes fontes de calcário", disse Fritz Jürgens.

Um pedaço de história

O navio afundou no período em que as cidades do norte da Alemanha e de outras nações europeias um grande bloco econômico chamado Hansa, que era controlado por guildas responsáveis pelo comércio no Mar Báltico e no Mar do Norte.

De acordo com os pesquisadores, há registros históricos que estimam que a embarcação tenha afundado em dezembro de 1680.

Registros históricos estimam que o barco afundou em dezembro de 1680. Uma carta dessa data nos arquivos de Lübeck, cidade no nordeste da Alemanha, indicam que um oficial de justiça pediu a um destinatário desconhecido que recuperasse a carga de um navio encalhado em uma região do Trave.

Durante as investigações, os arqueólogos usaram a dendrocronologia - uma técnica de datação - para analisar os padrões de anéis nas madeiras, e com isso descobriram que esses materiais vieram de árvores derrubadas na década de 1650.

A expedição também contou com a participação do mergulhador científico Christian Howe, da cidade de Kiel, que fotografou o navio submerso e sua carga. Acredita-se que alguns barris podem ter sido recuperados por trabalhadores do século 17, e a redução do preso pode ter feito com que o barco flutuasse. No entanto, a embarcação afundou definitivamente depois de um tempo, em virtude de vazamentos.

Jürgens e sua equipe esperam que todo o navio seja levantado do leito do rio em breve, para impedir que ele se mova e represente um perigo ao transporte moderno na região.