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700 pessoas caem em 'golpe da cidadania' que criou país falso na Antártica

País seria localizado na Antártida; ao menos 12 pessoas foram presas  - Hamish Pritchard/AFP/Nature Publishing Group
País seria localizado na Antártida; ao menos 12 pessoas foram presas Imagem: Hamish Pritchard/AFP/Nature Publishing Group

Do UOL, em São Paulo

19/08/2022 15h07Atualizada em 20/08/2022 10h11

Uma organização criminosa enganou mais de 700 residentes da Itália com a promessa de que elas conseguiriam cidadania para um país baseado na Antártica. O problema é que a tal nação, batizada na fraude de "Estado Teocrático Antártico de San Giorgio", sequer existe.

Doze pessoas foram detidas hoje, em uma operação que ficou batizada de "A ilha que não existe", conforme reportou o jornal italiano La Reppublica.

As investigações tiveram início em abril de 2021, após a polícia identificar um prédio na região de Catanzaro, na Itália, que havia sido indicado como sede diplomática do suposto país. Com promessa de ser uma nação com menos burocracias, a quadrilha prometia para os seus cidadãos uma série de vantagens, como financiamento para projetos, liberdade de circulação na Itália e em outros países, além de isenção para as vacinas contra a covid-19.

Para conquistar a nacionalidade, o indivíduo interessado tinha que desembolsar um valor que variava entre 200 a 1.000 euros (cerca de R$1 mil a R$ 5,2 mil na cotação atual). A polícia estima que 700 pessoas residentes em toda a Itália tenha sido vítimas do golpe.

O grupo ainda teria usado uma série de artimanhas para dar credibilidade ao suposto país, como a criação de instituições como um Chefe de Estado e até Tribunais de Justiça. Além disso, também havia um jornal "oficial", um site e documentos de identidade que seriam válidos para a expatriação. No Facebook, a quadrilha mantinha uma página onde publicava informações e regulamentos sobre o fictício país.

A suposta justificativa da existência da ilha era garantida com "soberania e privilégios autônomos" tendo como base o Tratado da Antártida de 1959, documento assinado por diversos países que dialoga sobre a posse do continente.

Entre os suspeitos, há um ex-general da polícia fiscal Guardia di Finanza, Mario Farnesi, 72, e um ex-subtenente da força policial paramilitar Carabinieri, Emanuele Frasca, 56. Ambos estão aposentados e estão entre os levados para prisão domiciliar. Outras 30 pessoas estão sob investigação.

A quadrilha foi acusada de conspiração para cometer crimes, fraude, falsificação de documentos e lavagem de dinheiro, informou a ANSA.