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Quem é Daria Dugina, filha de guru de Putin morta em explosão de carro?

Do UOL, em São Paulo

21/08/2022 09h57Atualizada em 21/08/2022 14h32

Jornalista, especialista em política e defensora da invasão da Ucrânia: esta é a russa Daria Dugina, filha do ultranacionalista Alexander Dugin — considerado um dos principais gurus do presidente Vladimir Putin —, que foi morta no sábado (20) em um suposto atentado. O carro em que ela viajava, um Toyota Land Cruiser que pertencia ao pai, explodiu em uma estrada nos arredores de Moscou.

A suspeita, segundo a Reuters, é de que uma bomba tenha sido plantada no lado de fora do veículo, abaixo do assento do motorista. O ataque teria sido planejado com antecedência e tinha Alexander Dugin como alvo, acrescenta a agência de notícias russa Tass. Antes, pai e filha estavam em um festival nacionalista chamado "Tradições" (em tradução livre).

Pessoas ligadas ao governo russo sugeriram que a Ucrânia possa estar por trás do atentado. A Ucrânia, porém, negou qualquer envolvimento, ainda de acordo com a Reuters. "Não somos um Estado terrorista", disse Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, à TV local.

Quem era Dugina?

Formada em Filosofia, Daria Platonova Dugina tinha 29 anos e é descrita pelo Comitê Investigativo da região como jornalista e cientista política. Era editora-chefe do site United World International (UWI), que defendia que a Ucrânia "pereceria" se entrasse para a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma aliança militar que inclui 30 países.

Como comentarista do canal de TV nacionalista Tsargrad e do site Movimento Eurasiano Internacional, ela também expressava tais opiniões com veemência. Neste domingo (21), a Tsargrad declarou que "Dasha [apelido de Dugina], como seu pai, sempre esteve no front da confrontação com o Ocidente".

Em março, Dugina foi um dos alvos de sanções por parte dos Estados Unidos, sob a justificativa de que ela contribuía para a desinformação sobre a guerra na Ucrânia. Quatro meses depois, em julho, ela também sofreu sanções do Reino Unido pelo mesmo motivo, segundo o jornal americano The New York Times.

"[Dugina é] Autora frequente de desinformação em relação à Ucrânia e à invasão da Ucrânia pela Rússia em várias plataformas online", explicou o governo britânico na ocasião.

Pai é mesmo guru de Putin?

Daria Dugina e Alexander Dugin - Reprodução/Telegram - Reprodução/Telegram
Daria Dugina ao lado do seu pai, o filósofo Alexander Dugin, apontado como guru de Putin
Imagem: Reprodução/Telegram

A influência do pai de Dugina, Alexander Dugin, sobre o presidente russo Vladimir Putin tem sido alvo de especulações. Alguns especialistas a classificam como significativa, daí a razão para apelidos como "filósofo de Putin", "cérebro de Putin" e até "Rasputin moderno". Para outros, porém, a força de Dugin sobre o presidente era mínima.

Nos últimos anos, a Ucrânia baniu vários de seus livros.

Ninguém reivindicou atentado

As autoridades russas estão investigando a morte de Daria Dugina como homicídio. A suspeita é de que o ataque tenha sido planejado com antecedência, de acordo com a Reuters.

Denis Pushilin, líder da autoproclamada República Popular de Donetsk, no leste da Ucrânia, acusou as forças ucranianas pela explosão. "Terroristas do regime ucraniano tentaram liquidar Alexander Dugin, mas mataram sua filha", escreveu ele em sua conta no Telegram.

Já a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria V. Zakharova, evitou atribuir o suposto atentado ao país vizinho, mas disse que, se for confirmada a responsabilidade da Ucrânia, "então teremos que falar sobre a política de terrorismo de Estado adotada pelo regime de Kiev".

"Estamos esperando pelos resultados da investigação", publicou Zakharova, também no Telegram, segundo o NYT.

A Ucrânia nega qualquer envolvimento no suposto atentado. "A Ucrânia, claro, não teve nada a ver com isso, porque não somos criminosos como a Rússia. Mais do que isso, não somos um Estado terrorista", disse Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, à TV local.

Até o momento, ninguém reivindicou a autoria do ataque.

(Com AFP, Deutsche Welle e Reuters)