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Por que alguns argentinos comemoraram a morte da rainha Elizabeth 2ª

Malvinas ainda têm pessoas morando - Getty Images/iStockphoto
Malvinas ainda têm pessoas morando Imagem: Getty Images/iStockphoto

Lorraine Perillo

Colaboração para o UOL, no Rio

09/09/2022 04h00

O clima de rivalidade entre Argentina e Reino Unido ficou evidente mais uma vez com a morte da rainha Elizabeth 2ª, ontem, aos 96 anos. A antiga polêmica, que virou guerra em torno das Malvinas, em arquipélago reivindicado e dominado por britânicos desde 1883, ainda está viva na memória de muitos. Argentinos consideram que as ilhas teriam sido ocupadas de maneira ilegal por uma potência invasora e, portanto, reclamam para si como parte integral e indivisível de seu território,

Foram mais de 100 anos até que, em 1982, durante o regime militar do ditador argentino Leopoldo Galtieri, o país sul-americano ordenou uma invasão para tentar recuperar o arquipélago, o espírito nacionalista e salvar seu regime. O que era para ser uma propaganda virou um desastre para argentinos. Foram mais de 600 mortos em 45 dias de batalha, contra cerca de 250 britânicos. A batalha foi em vão. As Malvinas seguiram sob domínio do Reino Unido e grande parte da culpa pela derrota se dá pelo fato de muitos jovens terem ido para a guerra sem preparo, lutando contra um dos maiores poderios militares - e navais - do mundo.

A Operação Rosário, como foi chamada, começou quando a Argentina, já isolada diplomaticamente, invadiu e ocupou o território das Ilhas Malvinas, além de entrar na Geórgia do Sul no dia seguinte. Cinco mil soldados argentinos encontraram 80 fuzileiros britânicos, levando os britânicos a montar, em pouco tempo, uma expedição com aproximadamente 28 mil combatentes e 111 navios de guerra enviados pela então primeira-ministra Margaret Thatcher. Além do embate, a Grã-Bretanha cortou relações permanentemente com a Argentina.

Enquanto o país sul-americano possuía clara desvantagem militar, o Reino Unido aproveitou a ajuda de ONU (Organização das Nações Unidas), Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), União Europeia e Commonwealth, contando também com o apoio dos Estados Unidos, que forneceram armas, suporte via satélite, além de abrir caminho pelo Canal do Panamá para a passagem dos navios de guerra britânicos, para vencer a guerra. Apesar de todo poder bélico, pedidos de paz foram feitos para que a guerra cessasse em meio a centenas de mortos. Nenhum dos pedidos foi aceito, e a Argentina foi subjugada dez semanas depois.

E, se Galtieri queria usar as Malvinas como golpe político, a derrota fez com que a ditadura desse espaço para a volta da democracia. Também serviu, do outro lado, como campanha para Thatcher se reeleger primeira-ministra em 1983.

Hoje em dia, 40 anos após a invasão das Ilhas, as Malvinas continuam sob domínio inglês e seus habitantes afirmaram que gostariam de continuar morando no arquipélago, pois têm saúde, educação e tudo o que precisam. O desejo deles foi concedido em plebiscito realizado em 2013, pelo governo das Malvinas.

Comemoração ao vivo, champanhe e brinde

Durante um programa na TV aberta argentina, o jornalista Santiago Cúneo comemorou a notícia abrindo uma garrafa de champanhe. Os dizeres "morreu a velha de m*rda* apareciam ao fundo. Ao celebrar a morte, ele ainda disse que o brinde era uma promessa.

"Eu prometi que faríamos um brinde. Esse lixo inglês, essa imundície, esse Lúcifer saiu do planeta Terra e isso é uma notícia boa para todos", comentou.

"Champanhe para todos. O filho da p*ta do marido dela já morreu, e estamos comemorando a morte de todos os malditos ingleses de m*rda que fazem parte dessa coroa imunda, pirata, ladra, genocida, assassina, que tanto nos atormentou", finalizou.