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Na ONU, Zelensky exige punição justa para a Rússia e diz precisar de armas

Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia - REUTERS/Valentyn Ogirenko
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia Imagem: REUTERS/Valentyn Ogirenko

Tiago Minervino

Colaboração para o UOL, em Maceió

21/09/2022 18h56

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, discursou, hoje, por meio de vídeo na Assembleia-Geral da ONU (Organização das Unidas) e defendeu a criação de um tribunal para aplicar uma "punição justa" à Rússia por ter deflagrado uma "guerra ilegal" em fevereiro, que atingiu o território ucraniano, seu povo e os valores das Nações Unidas.

"Um crime foi cometido contra a Ucrânia e nós demandamos uma punição justa", afirmou, ressaltando que Moscou deve ser responsabilizada financeiramente pelos custos do conflito ao "pagar por esta guerra com seus recursos".

Segundo Zelensky, a Ucrânia precisa de mais ajuda financeira e militar para continuar o conflito contra o Kremlin. Sem citar nominalmente o presidente Vladimir Putin, o líder ucraniano acusou seu opositor de querer dar continuidade à guerra, enquanto a Ucrânia, a Europa e o mundo "querem a paz".

"Um crime foi cometido contra a Ucrânia e demanda punição justa. Um crime foi cometido contra nossas fronteiras, contra a vida dos nossos povos, nossa dignidade. Um crime contra os valores que tornam a todos nós uma comunidade das Nações Unidas. A Ucrânia demanda punição por tentarem roubar o nosso território. Uma punição pelos assassinatos de milhares de pessoas, uma punição pelas torturas e pelas humilhações de mulheres e homens. Uma punição pela turbulência catastrófica que a Rússia provocou com sua guerra ilegal e não somente para nós ucranianos, mas para o mundo inteiro", declarou.

"Precisamos de defesa, armas ofensivas e de longo alcance para liberar nossa terra. Precisamos de apoio financeiro para manter nossa estabilidade interna e cumprir nossas obrigações com a população", reiterou.

Zelensky justificou que, desde que assumiu a presidência da Ucrânia, tem auxiliado para não deflagrar o conflito armado, e afirma que foram mantidas 88 conversas com o intuito de evitar a guerra, "mas a Rússia, em vez de interromper esse crime de ataque o transformou em uma vasta invasão, e não tivemos outra razão a não ser nos defender".

O líder ucraniano apontou que as sanções econômicas impostas à Rússia são uma forma para pôr fim ao conflito e evitar outras guerras futuras, mas salientou que são necessárias mais restrições à Moscou, a fim de ampliar o "isolamento internacional" russo, inclusive ao restringir a entrada de turistas russos nos países, a fim de "encorajá-los a lutar contra a agressão de seu próprio estado".

Veto na ONU, corpos mutilados e radiação

Em outro ponto, Volodymyr Zelensky defendeu que a ONU retire o direito de veto garantido à Rússia no Conselho de Segurança da organização, e fez um apelo para a criação de um "mecanismo de compensação internacional", que fará com que a Rússia pague "por essa guerra com seus ativos".

No discurso à ONU, ele disse que as autoridades ucranianas continuam exumando corpos enterrados em valas comuns em territórios controlados pelas tropas russas. Segundo o presidente ucraniano, foram encontradas 445 sepulturas, e corpos com sinais de mutilação, a exemplo de uma mulher que estava com as costelas quebradas, e um homem que teria sido castrado antes de ser assassinado.

"A única coisa que diferencia essa vala da que foi encontrada na cidade de Bucha é que os corpos dessas pessoas estavam enterrados e não espalhados nas ruas. O mundo precisa proteger a vida. É preciso proteger os cidadãos e liberar os territórios. Se for necessária ajuda financeira, isso deve ser oferecido", discursou.

Ao comentar a possibilidade de uma catástrofe nuclear, Zelensky lembrou que, antes do início da reunião da Assembleia-Geral da ONU, houve explosões de usinas na Ucrânia e os foguetes explodiram a 300 metros dos reatores nucleares, mesmo após apelo da Agência de Energia para que Moscou pare os ataques às instalações energéticas.

"A chantagem da Rússia deve preocupar a todos porque nenhum de vocês terá uma vacina contra radiação, por exemplo", declarou, enfatizando que Putin tem usado o gás e o petróleo "como armas" para "chantagear" a Europa.

Biden ataca Rússia

Ao discursar na ONU, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, renovou as acusações contra a Rússia e acusou Vladimir Putin de romper princípios da Carta das Nações Unidas.

Para Biden, Moscou quer extinguir o direito da Ucrânia de existir como um Estado, e salientou que "o mundo precisa ver esses atos absurdos pelo que são".

"Se as nações puderem exercer suas ambições imperiais sem que haja consequências, então colocamos em risco tudo o que essa instituição representa", afirmou.

Vladimir Putin voltou a chamar a atenção do mundo hoje ao determinar a mobilização de até 300 mil reservistas para o conflito e voltou a ameaçar os adversários com a possibilidade de uma guerra nuclear.

Biden classificou como irresponsáveis as ameaças de Putin porque "uma guerra nuclear não pode ser vencida, e não deve jamais ser lutada".