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EUA: Professor é demitido após queixa de alunos sobre dificuldade das aulas

O professor de 82 anos disse que os problemas começaram logo que ele deixou Princeton para lecionar na NYU - Reprodução/Wikipedia
O professor de 82 anos disse que os problemas começaram logo que ele deixou Princeton para lecionar na NYU Imagem: Reprodução/Wikipedia

Colaboração para o UOL

03/10/2022 20h42

Um professor de química orgânica da NYU (Universidade de Nova York) foi demitido depois que um grupo de estudantes assinou uma petição contra ele sugerindo que seu curso era muito difícil.

O descontentamento com o professor Maitland Jones Jr., 84, fez com que 82 de seus 350 alunos de química orgânica assinassem a petição, citando os métodos de ensino e o esboço do curso de Jones como razões para suas notas baixas.

"Estamos muito preocupados com nossas pontuações e descobrimos que elas não são um reflexo preciso do tempo e esforço dedicados a essa matéria", disse a petição, de acordo com uma reportagem do jornal americano The New York Times.

"Pedimos que você perceba que uma turma com uma porcentagem tão alta de desistências e notas baixas não conseguiu priorizar o aprendizado e o bem-estar dos alunos e isso está refletindo mal no departamento de química, bem como na instituição como um todo".

As acusações feitas contra Jones incluem a redução no número de exames de meio de período de três para dois; nenhuma oferta de crédito extra; a dificuldade de acesso à plataforma Zoom, onde ocorrem as palestras para quem está com covid-19; além do fato de que Jones seria um professor que leciona com um tom "nada condescendente e exigente".

Jones se defendeu as acusações feitas por meio da petição, acrescentando que ele reduziu o número de exames porque a NYU agendou seu primeiro teste após seis aulas.

Além disso, a tecnologia presente na sala de aula em que Jones ensinava o impedia de registrar sua escrita no quadro branco.

Ele disse que o problema com os alunos surgiu há uma década, apenas alguns anos depois que ele saiu de Princeton para lecionar na NYU, em 2007, quando notou uma perda de foco em seus alunos.

Após o tempo de aprendizado virtual durante a pandemia, esse problema só piorou. "Agora vemos pontuações de um dígito e até zeros", disse ele.

Palestras pagas do bolso

Em um esforço para ajudar os alunos, Jones e dois outros professores gravaram 52 palestras, que Jones diz ter pago R$ 26 mil do próprio bolso para publicar. Em 2020, cerca de 30 estudantes de 475 assinaram uma petição dizendo que precisam de mais ajuda.

"Eles estavam realmente sofrendo", disse Jones. "Eles não tinham boa cobertura de internet em casa".

Zacharia Benslimane, estudante de doutorado em Harvard e ex-assistente de ensino de Jones, enviou um e-mail à NYU em sua defesa.

"Acho que esta petição foi escrita mais por infelicidade com as notas dos exames do que por um sentimento real de ser tratado injustamente", escreveu ele. 'Percebi que muitos dos alunos que sempre reclamaram da aula não usaram os recursos que lhes demos".

Jones disse que teme por outros professores da universidade que possam enfrentar a mesma resposta do corpo docente. "Não quero meu emprego de volta", disse ele. "Eu só quero ter certeza que isso não aconteça com mais ninguém".