Indígenas peruanos detêm dezenas de turistas em protesto na Amazônia
Dezenas de turistas foram detidos por membros de uma comunidade indígena de Cuninico em meio a protestos contra a falta de atenção do governo após constantes derramamentos de petróleo em um rio, o Marañón. Segundo o jornal peruano RPP, há relatos de comerciantes de que Iquitos, capital da amazônia peruana, já sofre com desabastecimento decorrente do bloqueio do rio realizado pelos manifestantes.
Ao jornal, uma das turistas detidas, identificada como Ángela Ramírez, disse que há turistas de diferentes nacionalidades, como dos Estados Unidos, Espanha, França, Reino Unido e Suíça, além de idosos e crianças. "Disseram-nos que foi porque pediram 46 vezes a atenção do Estado para resolver o derrame de petróleo e que, como resultado, há agora duas crianças e uma mulher mortas", afirmou Ángela.
Segundo ela, os membros da comunidade informaram que eles ficariam retidos entre seis a oito dias, até que uma solução seja encontrada e alguma autoridade vá à região resolver o problema de derramamento de petróleo.
Araceli Alva, mãe de Ángela, informou que ela estava em uma viagem com outros ciclistas na floresta amazônica peruana há oito dias, quando tentaram viajar pelo rio Cunico e foram retidos sobre o rio. Segundo ela, há 150 pessoas bloqueadas de seguir. No entanto, o presidente da comunidade de Cuninico, Watson Trujillo Acosta, disse que o número era de 70.
No Facebook, Ángela fez uma publicação informando a situação e acalmando os familiares.
"Eles são gentis e respeitosos conosco, mas foi a única maneira que encontraram de procurar soluções para a sua comunidade. Quanto mais rápido eles forem ouvidos, mais rápido eles nos deixam ir", escreveu ela, afirmando que estava detida desde as 10h da manhã de ontem. "Estamos bem fisicamente. Ajude-me a ajudá-los a serem ouvidos."
Mais tarde, ela fez outra publicação, informando que havia passado a noite no barco e que quase não tinham mais água para beber. "O sol já saiu forte. Há bebês chorando, o mais jovem tem um mês. Mulheres grávidas, pessoas com deficiência e idosos. Agora não temos luz para carregar os celulares, nem água para nos limpar", escreveu ela, pedindo para que a situação fosse compartilhada nas redes.
Desde setembro, os indígenas de Cunico vêm enfrentando uma batalha contra o derramamento de petróleo na região. Naquele mês, o Peru declarou estado de emergência de 90 dias na área amazônica de Loreto.
A decisão do governo veio após a empresa estatal Petroperú relatar a presença de traços de petróleo em um rio, próximo ao oleoduto Norperuano, após denúncias de contaminação feitas por indígenas.
"Hoje se teve conhecimento da presença de traços de petróleo cru no rio Cuninico, com possível ponto de início no quilômetro 42 do Trecho I do Oleoduto Norperuano, distrito de Urarinas, província e região de Loreto", informou dia 16 de setembro a Petroperú.
O vazamento afeta seis comunidades do povo Kokama da localidade de Cuninico. Estima-se que a ruptura no oleoduto derramou cerca de 2.500 barris de petróleo.
"A população está desesperada porque até agora não come, as crianças não comem, porque não há água para cozinhar. Não há o que comer porque toda a ravina, o rio, está contaminado, os peixes estão morrendo", declarou na ocasião o 'apu' Galo Vásquez, representante do povo indígena de Cuninico. "A população não tem água para beber."
*Com informações da AFP
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