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COP27 tem mulher acusada de conspirar, italiano barrado e chegada de Marina

Sanaa Seif, irmã do preso político egípcio Alaa Abd el-Fattah, em corredor da COP - Mohammed Salem/Reuters
Sanaa Seif, irmã do preso político egípcio Alaa Abd el-Fattah, em corredor da COP Imagem: Mohammed Salem/Reuters

Do UOL, em São Paulo

10/11/2022 21h41

O quinto dia da COP27, a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, foi marcado pela acusação de conspiração do governo do Egito, país que sedia o evento, contra Sanaa Seif, irmã de um preso político no país. Também hoje, as autoridades do Egito também barraram a entrada no país de um ativista italiano.

A chegada da ex-ministra e deputada federal eleita Marina Silva (Rede) foi outro registro do evento. Marina antecipou alguns pontos da agenda ambiental do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que diz querer fazer do Brasil um líder no combate às mudanças climáticas.

Conspiração. Um advogado egípcio entrou com uma ação hoje contra Sanaa Seif após a participação dela na COP27 na terça-feira (8).

O irmão dela é um preso político do país e faz greve de fome há mais de 200 dias. Preso desde 2019, o ativista é blogueiro pró-democracia e considerado inimigo do regime do presidente Abdel Fattah al-Sisi. Ele foi condenado no final de 2021 a cinco anos de prisão por "divulgação de informações falsas".

Seif está sendo acusada judicialmente de conspirar com agências estrangeiras, fazer incitação contra o Egito e disseminar fake news sobre o irmão.

A irmã do ativista voltou à COP27 nesta quinta (10), para mais um ato simbólico. Dessa vez, ela ficou em um espaço entre pavilhões da COP27, com diversas pessoas vestidas de branco, como protesto pelos prisioneiros políticos, por justiça climática e direitos humanos.

Italiano barrado. O ativista de direitos humanos Giorgio Caracciolo, vice-diretor de programas internacionais de Dignidade e membro da EuroMed Rights, foi barrado pelas autoridades do Egito nesta quinta. Ele recebeu um pedido para se retirar do aeroporto do Cairo.

Segundo a ONG Federação Internacional de Direitos Humanos, Giorgio tinha um visto de entrada válido e "as autoridades não lhe deram uma razão para negar sua entrada". Giorgio atuou durante anos contra práticas de tortura e maus-tratos do Egito.

Chegada de Marina. Em sua participação na COP27, a deputada federal eleita, além de antecipar alguns pontos da agenda ambiental de Lula, se reuniu hoje com o enviado americano para o clima, John Kerry.

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Lula (PT) na Avenida Paulista com Marina Silva (Rede)
Imagem: Caio Guatelli/UOL

A deputada disse que a equipe de Lula, que viaja ao Egito na próxima semana, quer "uma iniciativa global que ajude a proteger as florestas".

Ela ainda falou que existe "um compromisso claro" do petista nesse sentido, "não só no caso do Brasil, mas também em relação à África e aos países da Ásia", que deve ser acompanhado de "recursos para os países vulneráveis".

Brasil tem pressa para produzir hidrogênio verde. A produção de hidrogênio verde e energia elétrica a partir dos aerogeradores, que serão instalados no mar —eólicas offshore—, foi assunto do painel "Infraestrutura de Apoio à Transição Energética", debatido nesta quinta na COP27.

O Brasil demonstrou pressa para começar a produção. De acordo com Roberta Cox, assessora especial do Ministério do Meio Ambiente, as ações do governo, no sentido de desburocratizar as autorizações para a instalação desses empreendimentos, têm avançado de maneira satisfatória, com a publicação de portarias que regulamentaram o decreto de cessão de uso de áreas marinhas.

Energia fóssil. Organizações ambientais lamentaram, nesta quinta, que a presença do setor de energias fósseis no encontro tenha aumentado em relação às edições anteriores. De acordo com um comunicado da Global Witness, e de outras organizações, o aumento foi de 25% em relação à COP26, realizada em Glasgow, na Escócia, há um ano.

"636 lobistas de energias fósseis, afiliados a alguns dos maiores poluidores de petróleo e gás, se inscreveram para as negociações climáticas na COP27", afirmou o comunicado.

Ainda segundo essas ONGs, a COP tem mais lobistas do setor do que o total de representantes de dez dos países mais afetados pela mudança climática.

(Com ANSA, AFP, Estadão Conteúdo e Agência Brasil)