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COP27 tem censura do Egito na mira e expectativa por eleição nos EUA e Lula

A COP27 é realizada no Egito - Mohammed Salem/Reuters
A COP27 é realizada no Egito Imagem: Mohammed Salem/Reuters

Do UOL, em São Paulo

09/11/2022 23h17

A COP27, a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, chegou ao quarto dia com reclamações sobre censura no Egito, país que sedia o evento.

A expectativa pelas eleições nos EUA e pelo anúncio do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobre a criação do cargo da Autoridade Nacional do Clima, também pautaram o dia durante principal evento climático da ONU.

Censura. Sites jornalísticos e de organizações de direitos humanos estão bloqueados durante a conferência, segundo o site Gizmodo.

Na lista dos sites bloqueados, estão plataforma de blogs, como o Medium, e páginas como a da organização global HRW (Human Rights Watch), a agência independente de notícias Mada Masr e a agência de notícias Al Jazeera. A HRW já havia alertado sobre a repressão do Egito a jornalistas, ativistas políticos e ambientalistas.

A censura não é uma surpresa no país. Em 2017, os sites Mada Masr e Al Jazeera saíram do ar, por ordem do governo egípcio, liderado pelo presidente Abdul Fatah Al-Sisi desde 2014.

Eleições nos EUA. As eleições nos Estados Unidos também causam expectativa na conferência da ONU, onde ativistas pediram ao governo do presidente Joe Biden que acelere as transformações em seu país.

"Muitos campeões climáticos venceram em vários estados", disse a diretora de Política Climática do "think tank" Center for American Progress, Frances Colon. "Espero que aproveitem esse momento para fazer mais políticas climáticas."

Biden deve falar na assembleia da COP27 na sexta-feira (11). "Acho que será um erro catastrófico se o presidente Biden não aproveitar a oportunidade única para se tornar o 'presidente climático' de que o mundo precisa", comentou Jean Su, diretor do programa de Justiça Energética do Centro para a Diversidade Biológica, um grupo americano.

"Estamos realmente em um momento-chave para que o mundo não seja um lugar inabitável", explicou hoje em entrevista coletiva. Biden tem de usar seus poderes presidenciais para declarar uma emergência climática, completou. Su expressou, porém, sua satisfação com o resultado esperançoso de muitos candidatos que fizeram campanha com o clima como parte de sua agenda.

Os ambientalistas americanos dizem acreditar que o investimento climático de US$ 370 bilhões de Biden não deverá ser desmantelado por um Congresso que parece nitidamente dividido.

Kerry apresenta plano de crédito de carbono. Enviado especial para o clima dos EUA, o ex-senador John Kerry anunciou hoje um plano de compensação de carbono na conferência. A ideia é ligar empresas privadas americanas a ações de transição de energética em países em desenvolvimento. O plano já nasceu criticado por causa da intenção de propor um preço fixo pelas compras antecipadas de crédito de carbono.

Lula deve fazer anúncio na COP. À espera da presença do presidente eleito na semana que vem, participantes da COP27 começaram a mostrar expectativa sobre anúncios no evento. Lula deverá usar sua presença na conferência para anunciar a criação do cargo da ANC (Autoridade Nacional do Clima) e apresentar um convite para que uma das próximas COP, possivelmente de 2025, aconteça no Brasil.

A COP28, de 2023, já está marcada para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Para 2024 ainda não há decisão, mas há uma proposta da Austrália.

A proposta da criação da ANC —inspirada no modelo adotado pelo governo norte-americano de Joe Biden, que colocou neste posto o ex-senador John Kerry— já havia sido aventada durante a campanha, e foi endossada por Lula ao ser apresentada pela deputada federal eleita Marina Silva (Rede) como uma de suas propostas ao declarar apoio à candidatura.

Emissões de petróleo e gás maiores do que divulgados. Segundo a Climate TRACE, uma nova plataforma baseada em informações de satélite, as emissões de gases de efeito estufa procedentes do petróleo e do gás seriam três vezes maiores do que os dados oficiais. Ela foi apresentada na COP27 nesta quarta-feira.

A ferramenta localizou 70 mil instalações que lançam emissões na atmosfera e que pertencem a setores como indústria pesada, energia, agricultura, transporte e mineração em todo planeta.

A plataforma Climate TRACE usa Inteligência Artificial para analisar dados de mais de 300 satélites e de milhares de sensores em terra e no mar. Dessa forma, descobriu que os 14 maiores emissores são todas usinas de extração de petróleo e gás.

O ponto mais poluente do planeta é a Bacia Permiana do Texas, um dos maiores campos de petróleo do mundo, nos Estados Unidos, disse o ex-vice-presidente americano Al Gore, um dos fundadores do projeto, que atualizará regularmente sua informações.

Agenda da América Latina. A agenda verde é o ponto forte da América Latina no cenário mundial, disse hoje Sebastián Nieto, encarregado da região na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), durante a COP27.

A região, segundo ele, tem a seu favor vários fatores: concentra metade da biodiversidade mundial, produz 33% de sua energia a partir de fontes renováveis —frente a uma média mundial de 13%—, e detém altas reservas de minerais essenciais para a transição ecológica, como o lítio (61%), o cobre (39%) e o níquel (32%).

Comprometimento de países ricos. Vários países ricos se comprometeram a liberar recursos para cobrir as "perdas e danos" causados pelas mudanças climáticas nos países mais vulneráveis, um dos focos do evento realizado no Egito, nesta quarta.

Os países em desenvolvimento exigem há tempos que se estabeleça um mecanismo específico para receber fundos dos países mais ricos e assim poder prevenir e lidar com desastres como secas ou inundações.

(Com AFP e Reuters)