Topo

Esse conteúdo é antigo

China arma esquema de segurança e censura para coibir novos protestos

Estudantes em Hong Kong seguram papeis em branco como forma de protesto contra a censura na China, bem como contra a política de covid-zero do país - WILLIAM WEST/AFP
Estudantes em Hong Kong seguram papeis em branco como forma de protesto contra a censura na China, bem como contra a política de covid-zero do país Imagem: WILLIAM WEST/AFP

Do UOL*, em São Paulo

28/11/2022 10h33

Após diversos protestos terem tomado as ruas de importantes cidades da China no fim de semana, as autoridades chinesas procuraram conter hoje a repetição dos atos, nos quais a população critica as restrições rígidas provocadas pela política de covid-zero e pede por mais liberdade.

No domingo, milhares de pessoas, que responderam às convocações divulgadas nas redes sociais, saíram às ruas em cidades como Pequim, Xangai e Wuhan. Os manifestantes gritaram frases como "Xi Jinping, renúncia!", "PCC (Partido Comunista Chinês) renúncia" ou "Não aos confinamentos, queremos liberdade".

O descontentamento social cresceu nos últimos meses na China, um dos poucos países que continua aplicando uma política rígida contra a covid-19, denominada "covid zero", que inclui confinamentos em larga escala e exames PCR quase diários.

A revolta da população aumentou após um incêndio que deixou 10 mortos em Urumqi, capital da província de Xinjiang (noroeste). Muitas pessoas consideram que os trabalhos de resgate foram prejudicados pelas restrições impostas contra a covid-19.

Após a tragédia em Urumqi, cidade de 4 milhões de habitantes, as autoridades flexibilizaram as restrições na região: a partir de terça-feira será possível utilizar os ônibus para fazer compras e os estabelecimentos comerciais em áreas de "baixo risco" poderão retomar parcialmente as atividades.

Porém, qualquer informação sobre as manifestações parece ter sido eliminada de todas as redes sociais chinesas.

Na plataforma Weibo, uma espécie de Twitter chinês, as buscas por "Rio Liangma" e "rua Urumqi" não apresentavam nenhum resultado relacionado com a mobilização.

Durante os protestos, a população também exigiu mais liberdade política e alguns chegaram a pedir a renúncia do presidente Xi Jinping, que acaba de conquistar o terceiro mandato como chefe de Estado.

Aparato policial reforçado e prisão de jornalista britânico. Na manhã desta segunda, a polícia estava mobilizada em vários pontos de Pequim e Xangai, perto dos locais em que foram organizados os protestos de domingo.

Em Xangai, duas pessoas foram detidas perto da rua Urumqi, cenário de uma manifestação na véspera.

Uma delas "desobedeceu as ordens da polícia", afirmou um agente.

As equipes das forças de segurança também dispersaram as pessoas no local e obrigaram os manifestantes a apagar as fotografias em seus smartphones, segundo um correspondente da AFP.

Questionada, a polícia de Xangai não revelou quantas detenções foram efetuadas no fim de semana.

Nesta cidade, um jornalista da BBC, Ed Lawrence, foi detido e "agredido pela polícia", segundo a emissora britânica, algo que o ministro britânico para as Empresas, Grant Shapps, considerou "inaceitável e preocupante".

No domingo, foram registrados distúrbios violentos entre as forças de segurança e manifestantes em Xangai. Algumas pessoas exibiam folhas em branco, um gesto para denunciar a censura, e várias foram detidas.

Em Pequim, viaturas da polícia foram enviadas para as proximidades do rio Liangma, onde mais de 400 jovens protestaram no domingo aos gritos de "Todos somos moradores de Xinjiang".

*Com informações da AFP