Mães de soldados russos mortos recebem toalhas como 'presentes' do governo
O que era para ser um momento de demonstração de respeito e unidade na Rússia transformou-se em uma gafe cometida por autoridades.
Um dos líderes distritais de Kursk — cidade localizada próximo à fronteira com a Ucrânia — presenteou, no Dia das Mães, as famílias que perderam filhos para a guerra com um conjunto de toalhas.
"Na véspera da celebração do Dia das Mães, encontrei-me com as mães dos soldados caídos que participaram da operação militar especial na Ucrânia", escreveu Sergey Korostelev na rede social VKontakte — publicação que seria posteriormente apagada devido à repercussão negativa do caso.
Perfis de apoio à Ucrânia no Twitter salvaram as fotos da entrega das toalhas e as republicaram, criticando as autoridades..
"Eles acabaram com seus pacotes de 5 kg de peixes, então agora, quando seu filho russo morrer após a mobilização, você acabou de comprar um conjunto de 3 toalhas decorativas na lojinha de 1 real", diz a publicação do Saint Javelin, uma rede de apoio a soldados ucranianos.
A referência ao peixe ocorre porque outros casos de "recompensas" questionáveis também ocorreram em Sakhalin, uma ilha russa no Pacífico, e em Yakutsk, no leste da Sibéria, segundo o tablóide britânico The Sun.
No primeiro lugar, foram entregues 5 quilos de peixe; no segundo, um pacote de vegetais frescos.
Gafe reconhecida. O fracasso da homenagem foi reconhecido pela própria administração de Kursk, segundo nota enviada pela prefeitura à agência russa Tass:
"Este caso é um exemplo de não conformidade com as normas morais por parte das autoridades locais. Talvez o chefe do distrito tenha sido motivado pelo desejo de ajudar as famílias, mas ele conseguiu o efeito oposto", diz o comunicado.
Abandono no front gera apreensão nos russos. Depois de ordenar uma mobilização parcial em setembro, Moscou garantiu que os milhares de soldados alistados seriam devidamente treinados, receberiam equipamentos apropriados e não seriam enviados para as linhas de frente do conflito.
Até agora, porém, a maior parte das promessas se mostraram vazias: soldados mobilizados morreram no "front", homens inaptos ao confronto foram recrutados - incluindo pais de família e idosos -, faltam equipamentos adequados e muitos dos recém-recrutados não receberam formação militar.
Protestos de mães e esposas de soldados. Mães e esposas de soldados russos mobilizados guerra foram às redes sociais para pedir que o presidente Vladimir Putin cumpra as promessas sobre o futuro da operação no país vizinho.
No dia 25 de novembro, o líder russo declarou que "compartilha a dor" das mulheres, num tema delicado para o Kremlin.
Em um sinal de que o governo está levando o assunto a sério, Putin se reuniu naquela data, pela primeira vez, com mães de soldados enviados à Ucrânia. O encontro, porém, foi minuciosamente organizado, sem espaço para diálogo ou cobranças.
Antes da reunião, Olga Tsukanova, mãe de um jovem que presta serviço militar, lamentou que Putin se receberia "mães escolhidas a dedo, que farão as perguntas certas e lhe agradecerão, como sempre".
"Vladimir Vladimirovitch, responda às nossas perguntas!", lançou ela, que quer garantir que seu filho, de 20 anos, não seja enviado para o front ou para a fronteira com a Ucrânia, onde também caem mísseis.
*Com informações da RFI
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.