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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Mães de soldados russos mortos recebem toalhas como 'presentes' do governo

Familiares de soldados mortos na guerra da Ucrânia receberam toalhas do líder distrital de Kursk, na Rússia - Reprodução/Twitter
Familiares de soldados mortos na guerra da Ucrânia receberam toalhas do líder distrital de Kursk, na Rússia Imagem: Reprodução/Twitter

Do UOL*, em São Paulo

03/12/2022 13h36

O que era para ser um momento de demonstração de respeito e unidade na Rússia transformou-se em uma gafe cometida por autoridades.

Um dos líderes distritais de Kursk — cidade localizada próximo à fronteira com a Ucrânia — presenteou, no Dia das Mães, as famílias que perderam filhos para a guerra com um conjunto de toalhas.

"Na véspera da celebração do Dia das Mães, encontrei-me com as mães dos soldados caídos que participaram da operação militar especial na Ucrânia", escreveu Sergey Korostelev na rede social VKontakte — publicação que seria posteriormente apagada devido à repercussão negativa do caso.

Perfis de apoio à Ucrânia no Twitter salvaram as fotos da entrega das toalhas e as republicaram, criticando as autoridades..

"Eles acabaram com seus pacotes de 5 kg de peixes, então agora, quando seu filho russo morrer após a mobilização, você acabou de comprar um conjunto de 3 toalhas decorativas na lojinha de 1 real", diz a publicação do Saint Javelin, uma rede de apoio a soldados ucranianos.

A referência ao peixe ocorre porque outros casos de "recompensas" questionáveis também ocorreram em Sakhalin, uma ilha russa no Pacífico, e em Yakutsk, no leste da Sibéria, segundo o tablóide britânico The Sun.

No primeiro lugar, foram entregues 5 quilos de peixe; no segundo, um pacote de vegetais frescos.

Gafe reconhecida. O fracasso da homenagem foi reconhecido pela própria administração de Kursk, segundo nota enviada pela prefeitura à agência russa Tass:

"Este caso é um exemplo de não conformidade com as normas morais por parte das autoridades locais. Talvez o chefe do distrito tenha sido motivado pelo desejo de ajudar as famílias, mas ele conseguiu o efeito oposto", diz o comunicado.

Abandono no front gera apreensão nos russos. Depois de ordenar uma mobilização parcial em setembro, Moscou garantiu que os milhares de soldados alistados seriam devidamente treinados, receberiam equipamentos apropriados e não seriam enviados para as linhas de frente do conflito.

Até agora, porém, a maior parte das promessas se mostraram vazias: soldados mobilizados morreram no "front", homens inaptos ao confronto foram recrutados - incluindo pais de família e idosos -, faltam equipamentos adequados e muitos dos recém-recrutados não receberam formação militar.

Protestos de mães e esposas de soldados. Mães e esposas de soldados russos mobilizados guerra foram às redes sociais para pedir que o presidente Vladimir Putin cumpra as promessas sobre o futuro da operação no país vizinho.

No dia 25 de novembro, o líder russo declarou que "compartilha a dor" das mulheres, num tema delicado para o Kremlin.

Em um sinal de que o governo está levando o assunto a sério, Putin se reuniu naquela data, pela primeira vez, com mães de soldados enviados à Ucrânia. O encontro, porém, foi minuciosamente organizado, sem espaço para diálogo ou cobranças.

Antes da reunião, Olga Tsukanova, mãe de um jovem que presta serviço militar, lamentou que Putin se receberia "mães escolhidas a dedo, que farão as perguntas certas e lhe agradecerão, como sempre".

"Vladimir Vladimirovitch, responda às nossas perguntas!", lançou ela, que quer garantir que seu filho, de 20 anos, não seja enviado para o front ou para a fronteira com a Ucrânia, onde também caem mísseis.

*Com informações da RFI