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Jovem dorme por períodos de até 20 horas devido a doença rara

Erin Bousquet começou a apresentar fadiga descomunal e a dormir por 20 horas em meados de 2017 - Reprodução/Facebook
Erin Bousquet começou a apresentar fadiga descomunal e a dormir por 20 horas em meados de 2017 Imagem: Reprodução/Facebook

Colaboração para o UOL, em São Paulo

04/12/2022 04h00

Uma jovem de 19 anos vem intrigando médicos há anos devido ao seu hábito de dormir cerca de 20 horas seguidas, o que vem sendo uma dor de cabeça para sua família.

De acordo com o jornal norte-americano Washington Post, o quadro teve início em setembro de 2017, quando Erin Bousquet, na época com 14 anos, começou a demonstrar sinais de letargia e aparentava estar "fora de si". Além disso, ela tinha dificuldades para se manter acordada, e dormia por pelo menos 20 horas.

Somente em março de 2020, um neurologista examinou a adolescente e, após análises detalhadas, afirmou que ela provavelmente sofria de Síndrome de Kleine-Levin (KLS), um distúrbio do sono raro, que também é chamado de "Síndrome da Bela Adormecida".

Segundo o médico, os episódios de sonos longos geralmente duram alguns dias a algumas semanas e se repetem de forma imprevisível. A situação também provoca nos pacientes irritabilidade, aumento do apetite, desejo por comida, desorientação e amnésia. A causa do distúrbio ainda é desconhecida e pode ser resultado de fatores genéticos ou mau funcionamento de partes do cérebro que regulam o sono e o apetite.

Kristen, mãe de Erin, afirmou que a garota também vivia irritada, com pupilas dilatadas e dizia coisas que não faziam sentido. No início, ela e o marido, Greg, acreditavam que tudo não passava de uma pegadinha, mas logo perceberam que havia algo errado com a filha. "Foi muito assustador. No começo, pensamos que ela estava apenas brincando", recordou a mãe.

Por dois anos, a família de Erin, residente em Lincoln, no Nebraska (EUA), a levou a diversos especialistas. Ela chegou a se consultar com psicólogos e neurocirurgiões, mas nenhum deles conseguiu identificar a causa para as mudanças drásticas no comportamento de Erin.

Em determinado momento, a mãe e os médicos acreditaram que o problema estaria associado ao ciclo menstrual de Erin, com a hipótese de ser um transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM). Contudo, os exames e os sintomas apresentados pela adolescente não foram consistentes com essa teoria.

Vida conturbada

Apesar de diversas avaliações e tentativas de tratamento para mitigar os sintomas, nenhum método foi considerado eficaz contra a KLS. Para Sundell, o caso de Erin surpreende, pois não foi descoberta ainda a causa do distúrbio e como controlá-lo.

O médico também buscou a ajuda de outros profissionais em Omaha, mas nenhum deles está familiarizado com a síndrome. A situação levou o neurologista a concluir que, por enquanto, não há o que fazer. Embora a família de Erin tenha ficado decepcionada, a garota agora se consulta com Sundell anualmente para avaliação de seu quadro.

"Nossa abordagem tem sido a espera vigilante e a esperança de que isso desapareça", disse o neurologista, que insiste em encontrar terapias e outras alternativas para aliviar o sofrimento da paciente.

Para Erin, o problema lhe trouxe graves prejuízos, pois não apenas afetou sua personalidade, como também a fez perder momentos importantes como campeonatos escolares, seu aniversário de 18 anos, festas de Natal em família e aulas da faculdade, pois dormiu por longos períodos durante todos eles.

"A parte mais difícil para mim é saber que perdi tantas coisas ao longo dos anos", lamentou.