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Reconstrução científica revela aparência do faraó Tutancâmon pela 1ª vez

Faraó Tutancâmon teve o rosto desenhado com novas tecnologias - Soura Films/Christian Corbet via Pen News
Faraó Tutancâmon teve o rosto desenhado com novas tecnologias Imagem: Soura Films/Christian Corbet via Pen News

Colaboração para o UOL

09/12/2022 12h26Atualizada em 09/12/2022 12h26

Um escultor canadense usou tecnologia para concretizar o que muitos artistas, ao longo de séculos, tentaram viabilizar. Após mais de 3.300 anos, Christian Corbet "deu vida" ao faraó Tutancâmon, que marcou a história egípcia no Império Novo.

Segundo o jornal Mirror, o artista ficou conhecido por esculpir o príncipe Philip em 2013. Desta vez, ele usou um modelo 3D baseado em escaneamentos do crânio de Tutancâmon para reconstruir o rosto do rei egípcio.

O resultado final vem sendo considerado a reconstrução mais realista da aparência do faraó já criada.

As etapas da criação

Para viabilizar o projeto inovador, Andrew Nelson, da Western University do Canadá, contribuiu realizando as varreduras do crânio do governante. "Trabalhamos a partir do modelo 3D do crânio e, em seguida, adicionamos as camadas de músculos e realmente construímos o rosto", afirmou.

Para criar um modelo preciso, a equipe usou tomografia computadorizada. Além disso, marcadores de tecido que indicaram a profundidade da "carne" do rosto em diferentes lugares com base nos egípcios modernos.

"A anatomia de seu crânio guiou a reconstrução facial, então acho que é uma aparência muito mais realista do que qualquer uma das que vimos no passado", destaca Nelson.

 Tomografia computadorizada do faraó Tutancâmon - Soura Films/Christian Corbet/Pen New - Soura Films/Christian Corbet/Pen New
Tomografia computadorizada do faraó Tutancâmon
Imagem: Soura Films/Christian Corbet/Pen New

Reconstruções anteriores de múmias usaram marcadores de tecido baseados em homens brancos. Para garantir maior fidelidade ao projeto, Corbet decidiu usar recursos baseados em um homem egípcio comum.

"Eu então construí os músculos camada por camada até que a reconstrução forense estivesse completa", disse ele.

Detalhes rigorosamente pensados

O modelo reconstruído tinha os olhos fechados, sem orelhas e sem expressão. No entanto, uma vez concluído, Corbet foi capaz de "ser mais criativo e abrir os olhos, direcionar os ângulos para os olhos e talvez adicionar um pouco de abertura dos lábios".

"Novamente, não houve fabricação de recursos - até mesmo as orelhas foram cuidadosamente pensadas por todos nós", explicou ele. O cientista ainda adicionou uma "coroa de guerra" ao resultado, aludindo a esculturas da época de Tutancâmon.

Andrew Nelson fez varreduras do crânio do rei egípcio - UWO/Pen News - UWO/Pen News
Andrew Nelson fez varreduras do crânio do rei egípcio
Imagem: UWO/Pen News

Um projeto desafiador

Ainda de acordo com o Mirror, Corbet narrou que os antigos egípcios usavam linho embebido em resina, no crânio dos faraós, para preservar o rosto após a mumificação. Com isso, o software precisou distinguir entre o próprio crânio e a substância.

Os desafios não pararam aí. O artista recorda que, em outras ocasiões, pôde conhecer melhor seus objetos de trabalho. "Ao esculpir o duque [príncipe Philip], pude pelo menos entrevistá-lo nas muitas sessões que tive com ele; pude conversar e conversar e observar seus gestos e sua incrível inteligência", afirmou.

Apesar dessa limitação, ele acredita que o faraó teria aprovado a peça final. "De alguma forma mágica, ele me lembrou que era um faraó e concedeu a aprovação do trabalho concluído", brincou. "Como artista, você simplesmente sabe quando algo está certo."

A recriação foi produzida para um documentário sobre o faraó, que terá duas partes. A obra da Soura Films, intitulada "Tutancâmon: Aliados e Inimigos", será exibida pela emissora pública norte-americana PBS.