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'Senhor das Armas': Quem é o 'mercador da morte' que Putin tirou da prisão

Viktor Bout, maior traficantes de armas do mundo, é preso por agentes americanos - Rungroj Yongrit/EFE
Viktor Bout, maior traficantes de armas do mundo, é preso por agentes americanos Imagem: Rungroj Yongrit/EFE

Do UOL, com informações da DW

14/12/2022 04h00

Viktor Bout foi libertado numa troca de prisioneiros que envolveu também a jogadora de basquete Brittney Griner. Mas quem é ele? Por que é tão importante para Moscou?

  • Ele cumpria uma pena de 25 anos de prisão numa penitenciaria federal "por conspirar para assassinar cidadãos americanos e ajudar organizações terroristas".
  • Bout criou fama como uma figura misteriosa e já foi chamado de "mercador da morte".
  • Inspirou diretores de cinema de Hollywood, como no filme "O Senhor das Armas", estrelado por Nicolas Cage.
  • Viktor Bout nasceu em Duchambé, a capital do que era então, em 1967, a República Soviética do Tajiquistão.
  • Ele é um ex-oficial que serviu nas Forças Armadas da União Soviética.
  • Nos anos 1990 e no início dos anos 2000, ele tinha o que dizia ser uma empresa de transportes aéreos, entregando mercadorias para regiões perigosas do mundo. Na verdade, traficava armas de fabricação soviética.
  • Foi investigado pela ONU por ter colaborado com assassinatos em massa e crimes de guerra em países africanos, como Angola, Ruanda, Serra Leoa e Congo.
  • EUA foram atrás o acusando de ter ajudado militarmente o Talibã e a Al Qaeda. Bout nega qualquer envolvimento e afirma ter fornecido armas para grupos que lutavam contra o Talibã.
  • Em 2002, autoridades belgas emitiram um mandado de prisão, mas Bout conseguiu deixar o país e encontrou refúgio nos Emirados Árabes Unidos, na África do Sul e, por fim, na Rússia.
  • Seus bens foram congelados em 2004, mas não conseguiram encontrar uma base jurídica para levá-lo a julgamento.

Como foi sua prisão?

Em 2008, agentes da Drug Enforcement Administration (DEA), órgão federal de combates às drogas dos Estados Unidos, contataram Bout por meio de antigos parceiros dele. Os agentes se apresentaram como compradores que trabalhavam para as Farc, uma guerrilha esquerdista da Colômbia.

Em março de 2008, Bout foi detido na Tailândia, quando agentes americanos que se passaram por guerrilheiros esquerdistas conseguiram envolvê-lo em negociações para o embarque de armas para as Farc. Bout foi extraditado para os Estados Unidos em novembro de 2010, tendo sido condenado a 25 anos de prisão em 2012 por conspirar para assassinar cidadãos e agentes americanos.

Bout foi considerado culpado, pela Justiça dos Estados Unidos, de vender armas para as Farc, classificadas pelos Estados Unidos como uma organização terrorista.

Por que a Rússia queria libertar Bout?

Muitos especialistas afirmam que Bout era útil para os serviços secretos da Rússia. Ele mesmo, porém, nega qualquer ligação com o governo russo ou acesso a segredos de estado.

"Eu não tenho informações secretas sobre o Estado russo, e não conheço seus líderes. Não trabalhei nem para empresas russas nem para agências estatais", afirmou em entrevista.

Ao longo da década passada, autoridades e a imprensa russas aventaram uma troca de Bout por prisioneiros dos Estados Unidos na Rússia.

A especialista em relações EUA-Rússia Alexandra Filippenko argumenta que a importância de Bout para o governo do presidente Vladimir Putin se deve a uma mentalidade de Guerra Fria, ancorada numa época em que uma forte rivalidade opunha Estados Unidos e Rússia.

"Na visão de muitas pessoas, tanto americanas como russas, Bout é uma parte e também personificação do sistema soviético. Ele não reconhece a nova ordem mundial. Por isso ele é tão importante para o país", diz Filippenko. "Ele é um insider, e, na tradição russa, você não abandona pessoas que servem ao sistema."