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'Quase 12h a pé': brasileiras tentam voltar ao Brasil após protesto no Peru

Daniela e Alice queriam chegar ao Machu Pìcchu, mas foram surpreendidas por protestos - Arquivo Pessoal
Daniela e Alice queriam chegar ao Machu Pìcchu, mas foram surpreendidas por protestos Imagem: Arquivo Pessoal

Camila Corsini

Do UOL, em São Paulo

13/01/2023 18h28Atualizada em 13/01/2023 20h31

As brasileiras Daniela de Oliveira e Alice Andrade, ambas de 26 anos, tentam voltar ao Brasil depois de ficarem dias presas na cidade de Andahuaylas, a cerca de 735 quilômetros de Lima, no Peru. As manifestações no país impedem o retorno das brasileiras, segundo afirmam.

O objetivo da dupla era chegar a Cusco, para visitar Machu Picchu, no dia 11. Elas tinham passagens compradas para o local no dia 16, mas já solicitaram cancelamento porque o parque está fechado devido aos protestos.

"Chegamos em Lima dia 4. Nem era para estarmos aqui nesta cidade [Andahuaylas]. Viemos justamente porque tentamos fugir das manifestações, passando por cidades menores", disse Daniela ao UOL. Só que a tensão na região aumentou e os protestos já chegaram próximo de onde elas estão.

Para conseguir chegar em Andahuaylas, as amigas usaram uma van local e caminharam por quase 12 horas. "Foram quase 12 horas de viagem, principalmente a pé. Saímos de Ayacucho com uma van, com alguns peruanos que nos ajudaram muito. Fomos para Chinceros, outra cidade pequena, e de lá quase todo nosso percurso foi a pé."

Além de Daniela e Alice, não há outro estrangeiro na cidade, segundo afirma. De acordo com ela, a direção de turismo de Andahuaylas é o único órgão que deu suporte nos últimos dias.

"Se não fossem os peruanos, nossa situação seria ainda mais delicada. Falamos com a Embaixada e eles pediram para a gente se manter segura até tudo passar, mas isso já está se tornando inviável. Nós só queremos voltar para o Brasil", desabafa.

Barricadas nas estradas do Peru - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Barricadas nas estradas do Peru
Imagem: Arquivo Pessoal

De onde elas estão, é possível ver grupos de manifestante passando a cada duas horas. Barricadas nas estradas também impedem a passagem. Desde o dia 10, quando chegaram na cidade, elas estão em um hostel. E devem ficar na acomodação até a situação se acalmar.

Inicialmente, o trajeto seria feito de ônibus, saindo dos terminais, afinal cada uma está com uma mochila de aproximadamente 10 quilos nas costas. "Não conseguiríamos fazer dois, três dias de caminhada para chegar a Cusco, como parte do grupo que estava na van fez."

Em nota ao UOL, o Itamaraty disse que o "Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil em Lima, tem conhecimento do caso e vem prestando a assistência possível às [cidadãs] nacionais, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local".

"Cabe assinalar que as estradas que servem a localidade onde se encontram as brasileiras não apresentam, no momento, condições mínimas de segurança. As representações diplomática e consulares do Brasil no Peru têm mantido coordenação com as autoridades peruanas e seguirão assistindo os brasileiros retidos em diferentes regiões daquele país."

Manifestações no Peru

  • Protestos feitos pelos apoiadores do presidente deposto, Pedro Castillo;
  • Já são quase 50 mortos;
  • Foram registrados bloqueios em estradas de 10 das 25 regiões do país;
  • Manifestantes exigem a renúncia da atual presidente, Dina Baluarte, e antecipação das eleições.