Espionagem e abalo diplomático: o que se sabe sobre incidente com balão
Um suposto balão espião da China foi derrubado pelos Estados Unidos no último sábado (4). Enquanto flutuava pelos céus antes de ser abatida, a aeronave reforçou a ideia da ameaça chinesa aos norte-americanos.
Apesar de ter sido descrito pela inteligência dos EUA como um balão de vigilância, as autoridades chinesas rebateram as acusações e afirmaram que "alguns políticos e a mídia usaram o incidente como pretexto para atacar e difamar a China".
O que se sabe sobre esse tipo de balão?
- É um equipamento que fica em altitudes elevadas.
- Pode ser equipado com sensores de alta tecnologia que podem captar transmissões de rádio, celular e outras que não podem ser captadas por satélites, por exemplo.
- Opera de 24 km a 37 km de altitude, muito acima de rotas comerciais, que chegam a no máximo 12 km de altitude.
- Costuma ser movido por correntes de vento.
- Pode funcionar também com energia solar.
- Pode ser guiado à distância.
- Foi muito usado pelos Estados Unidos e pela União Soviética durante a Guerra Fria.
- É considerado uma alternativa barata em relação a satélites.
Não há novidade em superpotências espionando umas às outras, ainda que com balões. De acordo com o The New York Times, a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos também visa a China, como por exemplo quando invadiram as redes da Huawei, empresa chinesa de telecomunicações. Essas ações intensificam o argumento da China de que todos fazem isso.
O incidente recente, no entanto, acontece quase 22 anos depois da colisão de um avião espião norte-americano e um caça chinês, a cerca de 112 km da costa da ilha de Hainan, na China, que derrubou os dois aviões. Na época, ambos os países disseram que iriam melhorar a sua gestão de crise.
O que os EUA fizeram a respeito?
- Inicialmente, aviões de combate foram enviados para examinar de perto o balão, que sobrevoou bases militares americanas.
- Antes de derrubarem o objeto, o Pentágono cogitou abrir fogo, mas autoridades teriam chegado à conclusão de que isso poderia colocar em perigo vidas em solo e que o balão não representaria riscos à aviação civil.
- No sábado (4), no entanto, os militares norte-americanos utilizaram um jato de combate (o F-22) da Base Aérea de Langley, na Virgínia, e dispararam um único míssil (AIM-9X) para derrubar o balão, segundo fonte ouvida pela rede de TV CNN.
- A FAA (Administração Federal de Aviação), agência governamental americana, fechou o espaço aéreo em partes dos estados da Carolina do Norte e da Carolina do Sul. Operações em três aeroportos foram suspensas sob a justificativa de iniciativas de segurança nacional.
- O Pentágono disse ainda que havia outro balão chinês em voo, este segundo sobre a América do Sul.
- O presidente Joe Biden parabenizou os militares pela missão.
- Autoridades afirmaram que os chineses usaram o balão como um possível método de coleta de informações.
- Porém, ainda não está claro qual era a "missão" do balão chinês ou se foram obtidas informações sensíveis.
"Violação grosseira da soberania". Evan Medeiros, um professor que assessorou o ex-presidente Barack Obama sobre a China e a Ásia com o Conselho de Segurança Nacional, disse ao The New York Times que o balão sobrevoar os EUA foi "uma violação grosseira da soberania" e que ainda não há como saber o que a investida rendeu em informações aos chineses.
O que a China disse?
- A princípio, o Ministério das Relações Exteriores da China disse que o objeto tem origem civil e era usado para pesquisas meteorológicas.
- O equipamento teria desviado de sua rota devido a correntes de vento.
- Quando o balão foi abatido, a China emitiu um comunicado dizendo que "os Estados Unidos insistirem em usar forças armadas é claramente uma reação excessiva".
O ocorrido distanciou a relação entre Washington e Pequim. A visita que o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, faria à China foi adiada.
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