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Canhão sem GPS: por que Ocidente dá armas 'café com leite' à Ucrânia

Entre as armas que a Ucrânia já recebeu está o tanque Leopard 2 - EFE
Entre as armas que a Ucrânia já recebeu está o tanque Leopard 2 Imagem: EFE

Colaboração para o UOL

05/04/2023 04h00

A Ucrânia tem recebido entregas quase diárias de armas pesadas do Ocidente. Alguns sistemas, porém, chegam a Kiev com limitações. Obuses — uma espécie de canhão dos tempos modernos — sem GPS e lançadores de foguetes com alcance reduzido são alguns dos exemplos.

Motivos são regras de exportação ou medo de reação da Rússia? A revista norte-americana Politico noticiou há algumas semanas que os Estados Unidos não querem fornecer à Ucrânia os tanques de guerra Abrams com blindagem secreta feita de urânio empobrecido. Nesse caso, seria devido aos regulamentos de exportação.

Gustav Gressel, especialista militar do think tank Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR, na sigla em inglês), ressalta à agência de notícias Deutsche Welle que outro motivo que justificaria o fornecimento de versões modificadas ou mais antigas de certas armas é a possibilidade de análise dos materiais pela Rússia.

A questão é o que acontece se um tanque for deixado para trás e for capturado e analisado pelos russos.
Gustav Gressel

Canhão sem GPS

Obuses — uma espécie de canhão que pode ser utilizado individualmente ou instalado dentro de um veículo blindado — do modelo M777, dos EUA, foram enviados sem navegação GPS e os respectivos computadores de bordo.

Armas sem GPS geralmente são menos precisas. O exército ucraniano, porém, instalou seus próprios sistemas, incluindo o software de artilharia GIS "Arta", desenvolvido na Ucrânia.

Lançador de mísseis de alcance limitado

Lançadores móveis de foguetes Himars, fabricados nos Estados Unidos, estão sendo fornecidos pelos norte-americanos com um alcance de cerca de 80 quilômetros — outros tipos de mísseis não modificados podem atingir alvos a até 300 quilômetros de distância.

O Wall Street Journal noticiou que os EUA modificaram esses lançadores de foguetes antes da entrega, para que foguetes de longo alcance não pudessem ser disparados. O jornal cita uma fonte anônima do governo que afirma que a razão é o desejo de "reduzir o risco de um alargamento da guerra com Moscou".

Serhij Hrabskyj, especialista militar de Kiev e ex-oficial do exército ucraniano, não vê maiores problemas nas limitações dos sistemas de armas ocidentais. "Todos os sistemas de informação de comando estão integrados nas estruturas de comando da Otan. Eles só podem ser usados no âmbito das tarefas da Otan", disse, em entrevista à DW. "Esta é uma prática normal, a Ucrânia usa seus próprios sistemas", concluiu.

*Com informações da Deutsche Welle