O que a Índia ganha passando a China como o país mais populoso do mundo
A Índia caminha para ser o país mais populoso do mundo em meados de 2023, superando a China, segundo projeções da ONU publicadas nesta quarta (19). Mas, afinal quais serão as consequências e por que os indianos querem a marca?
Os desafios e consequências em disputa
O status de país "mais populoso do mundo" poderia reforçar a Índia como potência em ascensão. A posição é cortejada pelo Ocidente para conter a influência da China.
Ele pode servir de argumento na disputa por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, almejado pela Índia há muito tempo.
A Índia tem mais habitantes do que os quatro membros permanentes do Conselho de Segurança juntos - Estados Unidos, Rússia, França e Reino Unido - que compõem a organização junto com a China.
No entanto, uma população tão grande apresenta grandes desafios, especialmente no âmbito do meio ambiente e da infraestrutura. Uma força de trabalho abundante e jovem traz, no entanto, vantagens econômicas.
A Índia é a grande economia que mais cresce no mundo e já ultrapassou o Reino Unido como o quinto país mais rico em termos de Produto Interno Bruto (PIB).
Quais são os dados demográficos?
A Índia deve ter 1,429 bilhão de habitantes até meados deste ano. Serão quase três milhões de habitantes a mais que a China, segundo a ONU.
A China divulgou no fim de 2022 que tem 1,412 bilhão de habitantes. Foi a primeira queda na população desde 1960-1961, quando a fome causou milhões de mortes devido a vários erros na economia política do "Grande Salto para Frente".
Se a China publica seu censo anualmente, a Índia não realizava um levantamento desde 2011. Na época, o país contava 1,21 bilhão de habitantes.
As certidões de nascimento não eram obrigatórias até 1969 na Índia, e o censo que deveria ter sido feito em 2021 foi adiado por conta da pandemia da covid-19. Além disso, problemas logísticos afetaram a pesquisa.
O governo do primeiro-ministro nacionalista hindu, Narendra Modi, foi acusado pela oposição de adiar deliberadamente o censo para não ter que publicar dados sobre questões delicadas - como o desemprego - antes das eleições nacionais do próximo ano.
O planejamento familiar?
A China adotou medidas para frear o crescimento demográfico em 1980, impondo a política do filho único. Desde 2021, com o envelhecimento da população, os chineses podem ter até três filhos.
A Índia organizou em 1970 suas próprias campanhas de esterilização e planejamento familiar, incluindo uma especialmente polêmica contra homens. Apesar dos riscos à saúde, a esterilização feminina é o método anticoncepcional mais popular na Índia.
Ainda assim, as taxas de fertilidade indianas continuam superiores às do vizinho do norte, resultando em uma população muito mais jovem e, agora, maior: 650 milhões de indianos têm menos de 25 anos.
*Com informações da AFP
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