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O que a Índia ganha passando a China como o país mais populoso do mundo

Alunas mostram mãos decoradas com henna, durante uma competição para marcar o Dia Mundial da População, em 2014 - Amit Dave/ Reuters
Alunas mostram mãos decoradas com henna, durante uma competição para marcar o Dia Mundial da População, em 2014 Imagem: Amit Dave/ Reuters

Do UOL, em São Paulo*

20/04/2023 04h00Atualizada em 20/04/2023 16h49

A Índia caminha para ser o país mais populoso do mundo em meados de 2023, superando a China, segundo projeções da ONU publicadas nesta quarta (19). Mas, afinal quais serão as consequências e por que os indianos querem a marca?

Os desafios e consequências em disputa

O status de país "mais populoso do mundo" poderia reforçar a Índia como potência em ascensão. A posição é cortejada pelo Ocidente para conter a influência da China.

Ele pode servir de argumento na disputa por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, almejado pela Índia há muito tempo.

A Índia tem mais habitantes do que os quatro membros permanentes do Conselho de Segurança juntos - Estados Unidos, Rússia, França e Reino Unido - que compõem a organização junto com a China.

No entanto, uma população tão grande apresenta grandes desafios, especialmente no âmbito do meio ambiente e da infraestrutura. Uma força de trabalho abundante e jovem traz, no entanto, vantagens econômicas.

A Índia é a grande economia que mais cresce no mundo e já ultrapassou o Reino Unido como o quinto país mais rico em termos de Produto Interno Bruto (PIB).

Quais são os dados demográficos?

A Índia deve ter 1,429 bilhão de habitantes até meados deste ano. Serão quase três milhões de habitantes a mais que a China, segundo a ONU.

A China divulgou no fim de 2022 que tem 1,412 bilhão de habitantes. Foi a primeira queda na população desde 1960-1961, quando a fome causou milhões de mortes devido a vários erros na economia política do "Grande Salto para Frente".

Se a China publica seu censo anualmente, a Índia não realizava um levantamento desde 2011. Na época, o país contava 1,21 bilhão de habitantes.

As certidões de nascimento não eram obrigatórias até 1969 na Índia, e o censo que deveria ter sido feito em 2021 foi adiado por conta da pandemia da covid-19. Além disso, problemas logísticos afetaram a pesquisa.

O governo do primeiro-ministro nacionalista hindu, Narendra Modi, foi acusado pela oposição de adiar deliberadamente o censo para não ter que publicar dados sobre questões delicadas - como o desemprego - antes das eleições nacionais do próximo ano.

O planejamento familiar?

A China adotou medidas para frear o crescimento demográfico em 1980, impondo a política do filho único. Desde 2021, com o envelhecimento da população, os chineses podem ter até três filhos.

A Índia organizou em 1970 suas próprias campanhas de esterilização e planejamento familiar, incluindo uma especialmente polêmica contra homens. Apesar dos riscos à saúde, a esterilização feminina é o método anticoncepcional mais popular na Índia.

Ainda assim, as taxas de fertilidade indianas continuam superiores às do vizinho do norte, resultando em uma população muito mais jovem e, agora, maior: 650 milhões de indianos têm menos de 25 anos.

*Com informações da AFP