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Ucrânia: Lula diz 'entender' Europa, mas defende ser hora de 'parar guerra'

Do UOL, em São Paulo

22/04/2023 09h33Atualizada em 22/04/2023 11h08

O presidente Lula (PT) afirmou hoje que "entende o papel" da União Europeia de apoio à Ucrânia contra a invasão da Rússia, mas que é hora de "parar a guerra". A declaração foi dada em entrevista coletiva após encontro do brasileiro com o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, em Lisboa.

O que aconteceu?

Lula disse preferir uma "terceira via" na guerra entre Rússia e Ucrânia. "Como a gente vai resolver na prática, você tem que convencer as pessoas que você pensa que não querem parar a parar. Nós estamos em situação em que a guerra da Rússia e da Ucrânia não está fazendo bem à humanidade. É por isso que nós temos que encontrar um grupo de pessoas que esteja disposto a falar em paz", afirmou o presidente, ao ser questionado por jornalistas.

"Eu não quero agradar ninguém, eu quero construir uma forma de colocar os dois à mesa. Não precisa destruir o mundo para construir a paz. A Rússia não deveria ter invadido, mas invadiu. Em vez de eu ficar escolhendo lado, eu prefiro escolher uma terceira via", acrescentou Lula.

O presidente brasileiro também afirmou que "nunca igualou os dois países". "Eu nunca igualei os dois países porque eu sei o que é invasão, eu sei o que é integridade territorial", disse. No último domingo (16), quando esteve em Abu Dhabi, Lula responsabilizou a Rússia e a Ucrânia pela guerra. A frase provocou repúdio dos Estados Unidos e também da Europa.

Ao lado de Rebelo, Lula ainda disse que "se você não fala em paz, você contribui para a guerra". "O chanceler Olaf Scholz foi ao Brasil pedir que a gente vendesse mísseis para que ele doasse à Ucrânia. O Brasil recusou porque, se esses mísseis fossem doados a Ucrânia, eles fossem usados e morresse um russo, o Brasil seria culpado. O Brasil estaria na guerra. E o Brasil não quer guerra."

Lula está em viagem internacional de seis dias a Portugal e à Espanha. Esse é o primeiro compromisso oficial do presidente na Europa desde a posse, em janeiro.

Lula disse que Portugal e Brasil devem 'conversar mais'

O presidente disse que a relação entre os dois países precisa ser mais "ousada" e "desaforada". "É preciso que nossos ministros discutam mais", afirmou.

"Muitas vezes nós pecamos porque nós conversamos pouco. Às vezes se pensa que nós não precisamos conversar porque Brasil e Portugal já são muito amigos. Nós precisamos conversar porque o papel de um presidente da República é abrir portas, mas quem tem competência para fazer negócios são os empresários", disse Lula.

'Vivemos o renascimento do extremismo', disse Lula

Em seu discurso, Lula também condenou o que ele chamou de "renascimento do extremismo". "Nós estamos ameaçados pela política do extremismo e do discurso de ódio alimentado pelas fake news. É impressionante o que está acontecendo no mundo."

Para o presidente, um dos reflexos disso foram os ataques à Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro e o período eleitoral no Brasil. "É quase que fazer política no submundo, destruindo as instituições. O que vem depois é sempre pior, é sempre muito pior. Esse é um risco que passamos a ter com a eleição do Trump nos EUA, e eu não sei onde vamos parar."