Dia da Vitória enxuto: por que o 9 de maio importa tanto para a Rússia?
A data de 9 de maio tem grande simbolismo para a Rússia: é o Dia da Vitória, que marca a derrota dos nazistas na Segunda Guerra Mundial, em 1945.
Todos os anos a Rússia celebra a data com grandes paradas militares nas principais cidades, num movimento patriótico dedicado aos quase 20 milhões de soviéticos mortos durante o conflito.
Com a guerra da Ucrânia, a festa mantém um simbolismo particular, para tentar mostrar o poderio dos russos — apesar de mais uma vez o aguardado "avião do Juízo Final" ficar fora do evento, que foi mais enxuto que no ano passado e sequer teve caças sobrevoando a Praça Vermelha.
Putin promete vitória; grupo Wagner pressiona
Hoje, o presidente Vladimir Putin prometeu a "vitória" na guerra na Ucrânia, que segundo ele foi orquestrada pelo Ocidente para destruir a Rússia, em uma tentativa de traçar um paralelo com Segunda Guerra Mundial.
O chefe de Estado falou diretamente para as tropas russas, em particular para as centenas de milhares de reservistas mobilizados. "Nada é mais importante agora que a tarefa militar de vocês. A segurança do país depende, hoje, de vocês. O futuro do nosso Estado e do nosso povo depende de vocês".
Putin voltou a acusar as potências ocidentais de utilizar a Ucrânia para provocar "o colapso e a destruição de nosso país".
Pela Rússia, por nossas corajosas Forças Armadas, pela vitória! Hurra! Putin
Segundo a CNN, o desfile deste ano foi mais enxuto, com uma expectativa anterior de 10 mil participantes - frente aos 11 mil do ano passado. O número oficial visto hoje ainda não foi confirmado.
Entre os armamentos mostrados, estiveram o tanque da 2ª Guerra Mundial T-34, veículos como o Tigr-M e VPK-Ural, o sistema de defesa aérea S-400 e o míssil balístico intercontinental Yaris.
Ao mesmo tempo em que Putin bradou forte, o fundador do grupo paramilitar Wagner, Yevgueni Prigozhin, que está na linha de frente na localidade de Bakhmut, aproveitou a data simbólica para denunciar a incapacidade das autoridades russas de derrotar a Ucrânia e acusou a hierarquia militar de querer "enganar" o presidente russo.
Diferentes datas
O dia da vitória é lembrado de forma diferente na Europa.
O "cessar-fogo" das tropas aliadas, que marcou a derrocada do exército nazista, foi previsto para a noite de 8 de maio de 1945, após a assinatura de um documento crucial para o fim da guerra no front ocidental: a capitulação da Alemanha sob custódia do general dos Estados Unidos Walter Bell-Smith.
Esse era o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, cinco anos e meio após seu início.
Mas os conflitos seguiram acontecendo no Oriente, contra o Império Japonês, liderado pelo monarca Hiroito e integrante das "Potências do Eixo", junto à Alemanha e à Itália. O país só se rendeu em setembro daquele ano.
Os aliados haviam acordado que o dia 9 de maio seria dia de comemoração, mas os jornalistas ocidentais lançaram a notícia da rendição alemã mais cedo que o previsto. A União Soviética manteve a data combinada para marcar o fim da Grande Guerra Patriótica, como é chamada na Rússia, e outras regiões da antiga URSS.
O conflito devastou várias regiões da União Soviética, causou um grande sofrimento e deixou uma profunda cicatriz na psique nacional.
Patriotismo reforçado
Segundo o instituto de pesquisas Vtsiom, este é o principal feriado nacional para 69% dos russos.
Putin sempre colocou o feriado no centro de sua política, exaltando o sacrifício dos soviéticos e regularmente acusando seus adversários ocidentais de "revisionismo" histórico anti-russo, por tentar minimizar o papel da União Soviética na derrota nazista.
A celebração tem sido usada por políticos e pelo Kremlin para encorajar o orgulho patriótico e sublinhar o papel da Rússia como potência global.
Em anos anteriores, Putin aproveitou a data para incitar o Ocidente e mostrar o poder de fogo das tropas russas.
No discurso de 2014, ele falou: "A vontade de ferro do povo soviético, sua coragem e estoicismo salvaram a Europa da escravidão".
"Sabemos e temos firmemente a fé de sermos invencíveis quando estamos unidos", reforçou em 2020. (Com agências internacionais)
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