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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Por que a Rússia está espalhando 'dentes de dragão' em suas fronteiras

Os chamados "dentes de dragão" têm o objetivo de dificultar o avanço de blindados e tanques - Belgorod Region Governor Press Office/ITAR-TASS/IMAGO
Os chamados "dentes de dragão" têm o objetivo de dificultar o avanço de blindados e tanques Imagem: Belgorod Region Governor Press Office/ITAR-TASS/IMAGO

Colaboração para o UOL*

07/05/2023 04h00

Imagens de satélite mostram que a Rússia está erguendo fortificações ao longo da fronteira com a Ucrânia e também em pontos estratégicos dos territórios ocupados. Segundo a Reuters, as fortalezas incluem trincheiras, fossos e bloqueios rodoviários, além dos chamados "dentes de dragão". O objetivo é se preparar para uma possível contraofensiva dos ucranianos.

O que são

Os "dentes de dragão" são peças de cimento em forma de pirâmide.

Eles são colocados lado a lado com o objetivo de evitar o avanço de blindados e tanques.

Com isso, os veículos são obrigados a desviar e acabam caindo em confrontos diretos.

Geralmente, os "dentes de dragão" são acompanhados de outros recursos, como sistemas de artilharia e minas.

Esse tipo de artifício foi usado durante a Segunda Guerra Mundial.

A Rússia também está preparando trincheiras em que os soldados podem ficar de pé, reforçadas com sacos de areia e pedras. Com isso, a intenção é proteger a infantaria de balas, estilhaços de granadas e fogo de artilharia. Observadores também relatam a existência de campos minados.

"Rússia reconheceu que derrota é possível"

O serviço secreto britânico afirma que há décadas o mundo não vê baluartes desse porte. As imagens de satélite mostram que as fortificações estão sendo erguidas desde dezembro do ano passado.

Na opinião de Rob Lee, associado do Foreign Policy Research Institute da Filadélfia, Moscou teria aprendido com a bem-sucedida contraofensiva ucraniana de 2022. "Depois da ofensiva em Kharkiv, a Rússia reconheceu que uma derrota é possível, e que pode voltar a perder território. Acho que se reconheceu que a Ucrânia é capaz de empreender ofensivas", afirma Lee.

Tudo indica que é nessas áreas onde são construídas as estruturas de defesa maiores que os russos contam com uma ofensiva das forças armadas ucranianas. Tais postos se concentram no sudeste da região de Zaporíjia, no leste da Ucrânia e em torno do istmo que liga a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014, ao restante do país sob invasão.

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Tanque alemão lançador de ponte Biber
Imagem: Philipp Schulze/picture alliance/dpa

Estratégia também tem desvantagens

Segundo Niklas Masuhr, do Center for Security Studies da Escola Politécnica Federal de Zurique, as fortificações estruturam operações futuras. "Isso atenua as fraquezas da Rússia, pois via de regra as forças armadas ucranianas desempenham melhor em situações militares improvisadas e cambiantes", diz.

"Nunca vimos ataques do exército ucraniano a posições russas tão fortificadas como essas. As contraofensivas anteriores foram contra tropas russas debilitadas, dispersas. A situação atual é totalmente diferente", completa.

A mesma estratégia, porém, tem desvantagens, já que torna as tropas russas mais previsíveis para os ucranianos.

De acordo com Oleh Zhdanov, perito militar e coronel da reserva ucraniana, o mais importante é o estado emocional e psíquico dos soldados. Zhdanov recorda que, durante a ocupação de Kherson, por quase meio ano os militares russos haviam erguido baluartes diante da cidade, em três linhas. No entanto, isso não impediu que ela fosse libertada pelas forças armadas ucranianas.

Já Lee, do Foreign Policy Research Institute, avalia que, para romper os baluartes russos e liberar os territórios ocupados, os tanques de combate e outros veículos blindados ucranianos precisam proceder de modo coordenado com engenheiros, artilharia e até mesmo aviões. Para tal, serão providenciais os equipamentos militares ocidentais recém-fornecidos à Ucrânia.

*Com informações da Deutsche Welle.