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Turquia vai às urnas e Erdogan tenta se manter no poder após duas décadas

Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, aparece em segundo lugar em algumas pesquisas - ADITYA PRADANA PUTRA/G20 Media Center/Handout via REUTERS
Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, aparece em segundo lugar em algumas pesquisas Imagem: ADITYA PRADANA PUTRA/G20 Media Center/Handout via REUTERS

Do UOL, em São Paulo

14/05/2023 04h00

Neste domingo, a Turquia vai às urnas em uma eleição que vem sendo considerada a mais importante do século para o país, com reflexos internacionais. O presidente Recep Tayyip Erdogan, no poder há 20 anos, disputa novamente, mas dessa vez enfrenta uma oposição unida e com chances de vencer. O governo de Erdogan, conservador e autoritário, minou a independência entre os poderes nos últimos anos e perseguiu opositores.

O que está em jogo

Erdogan, 69 anos, está no poder na Turquia desde 2003. Este ano, enfrenta uma coalizão de seis partidos de oposição, liderada por Kemal Kilicdaroglu. A coalizão inclui partidos que vão da direita nacionalista à esquerda liberal.

Pesquisas de intenção de voto têm indicado uma possível derrota de Erdogan.

Kemal e os partidos de oposição defendem o retorno ao sistema parlamentarista. Em 2017, a Turquia fez uma reforma constitucional para adotar o presidencialismo, concentrando mais poder em torno de Erdogan.

"Estão prontos para a democracia? Para a paz reinar neste país? Eu estou. Prometo isso a vocês"
Kemal Kilicdaroglu, durante a campanha eleitoral

O atual presidente enfrenta uma crise de popularidade. Entre os motivos, estão denúncias de nepotismo e corrupção, além de descontentamentos com a gestão do presidente sobre os terremotos de fevereiro na Turquia, que deixaram mais de 40 mil mortos.

A campanha eleitoral foi marcada por tensão e ameaças. O candidato da oposição chegou a ter que usar colete à prova de balas em reuniões de campanha;

Erdogan acusou o rival de se aliar aos Estados Unidos para derrotá-lo e defendeu o presidente russo Vladimir Putin. Já Kemal acusou cidadãos russos de espalharem deepfakes e desinformação para tentar influenciar a eleição turca.

Mas Erdogan prometeu, na última sexta-feira (12), respeitar o resultado das eleições presidencial e legislativas.

"Chegamos ao poder pela via democrática, com o apoio do nosso povo. Se nossa nação tomar uma decisão diferente, faremos o que a democracia exige"
Erdogan, visivelmente irritado, em entrevista transmitida pela televisão turca em 12 de maio.

Mais de 60 milhões de eleitores são esperados neste domingo. Se nenhum dos candidatos a presidente conseguir a maioria de votos, um segundo turno deverá acontecer no dia 28 de maio.

A revista The Economist classificou a eleição turca como "a mais importante do ano" em todo o mundo. "A derrota de Erdogan teria consequências globais e mostraria aos democratas que homens fortes podem ser combatidos", escreveu em editorial no início de maio.