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Tia de jovem morto em submersível: Ele estava 'apavorado' antes da viagem

Do UOL, em São Paulo

22/06/2023 18h50Atualizada em 23/06/2023 16h34

A tia do jovem Suleman Dawood, um dos mortos no submersível que desapareceu no Oceano Atlântico, disse que o rapaz estava "apavorado" e só participou da expedição para agradar ao pai.

O que aconteceu:

O jovem de 19 anos comentou com um parente que "não estava muito disposto a isso [a exploração]" e se sentiu "apavorado" com a viagem, segundo Azmeh Dawood, irmã mais velha do empresário bilionário paquistanês Shahzada Dawood, pai de Suleman, à NBC News.

O rapaz decidiu acompanhar o pai porque a expedição ocorreria no fim de semana do Dia dos Pais (data comemorada no exterior) e estava ansioso para agradar o genitor, que era apaixonado pelo Titanic, comentou Azmeh.

Ela ainda comentou que o irmão mais novo era "absolutamente obcecado" pelo Titanic desde jovem e também adorava ver exposições em museus com artefatos recuperados dos destroços do transatlântico de luxo.

"Estou pensando em Suleman, lá dentro [do submersível], talvez apenas tentando recuperar o fôlego... Tem sido incapacitante, para ser honesta", disse Azmeh em entrevista por telefone da casa em Amsterdã.

A mulher ficou arrasada após a empresa responsável pelo submersível, a OceanGate, confirmar que todos os cinco ocupantes morreram. A Guarda Costeira dos EUA disse que os destroços na área de busca eram consistentes com uma "implosão catastrófica".

"Sinto descrença", disse Azmeh, falando entre soluços. "É uma situação irreal." Shahzada morava na Grã-Bretanha com sua esposa e dois filhos. Suleman era estudante da Universidade de Strathclyde, na Escócia.

A irmã de Shahzada acompanhava pela televisão às buscas pelo sobrinho e pelo irmão. "Sinto como se tivesse sido pega em um filme muito ruim, com uma contagem regressiva, mas você não sabia para o que estava contando", disse. Ela descreve o sobrinho como um homem de "bom coração".

Ela afirmou que perdeu o contato com o irmão mais novo quando foi diagnosticada com esclerose múltipla em 2014 e teve que se mudar Inglaterra para Amsterdã para que ela tivesse acesso mais fácil a cannabis medicinal. Alguns familiares, incluindo Shahzada, foram contra o uso da maconha medicinal e falaram menos com a mulher.

Pessoalmente, acho meio difícil respirar pensando neles. Nunca pensei que teria problemas para respirar. Tem sido diferente de qualquer experiência que já tive. (...) Se você me desse um milhão de dólares eu não teria entrado no Titan".
Azmeh Dawood, irmã mais velha de Shahzada Dawood

Família presta homenagem

No Twitter, a família Dawood comunicou as mortes de Shahzada e Suleman Dawood.

A família pediu orações neste "difícil período de luto" e agradeceu a todos envolvidos na operação de resgate. "Seus esforços incansáveis para nós durante esse período."

O imenso amor e apoio que recebemos continua a nos ajudar a suportar esta perda inimaginável. Estendemos nossas sinceras condolências às famílias dos outros passageiros do submersível Titan. No momento, não podemos receber ligações e solicitamos que mensagens de apoio, condolências e orações sejam enviadas. Detalhes de seus ritos finais neste mundo serão anunciados em breve."
Família Dawood, em comunicado

Família Harding diz que ele viveu pela aventura

O bilionário britânico Hamish Harding, em foto tirada durante um voo em julho de 2019 - JANNICKE MIKKELSEN/Jannicke Mikkelsen via REUTERS - JANNICKE MIKKELSEN/Jannicke Mikkelsen via REUTERS
O bilionário britânico Hamish Harding, em foto tirada durante um voo em julho de 2019
Imagem: JANNICKE MIKKELSEN/Jannicke Mikkelsen via REUTERS

Já a família do bilionário britânico Hamish Harding, outro tripulante do Titan, afirmou que o homem foi um "pai dedicado" que "viveu sua vida por sua família, seus negócios e pela próxima aventura". A declaração foi divulgada pela Action Aviation, empresa de Harding.

O homem, que deixa dois filhos, foi descrito como "um guia, uma inspiração, um apoio e uma lenda viva" para a equipe de sua empresa. A família pediu privacidade neste momento.

Ontem, a família do bilionário britânico criticou ao jornal britânico The Telegraph a demora de oito horas para a OceanGate entrar em contato com as autoridades e relatar o desaparecimento do submersível. Eles afirmam que o tempo foi "longo demais".

Ele era único e nós o adorávamos. Ele era um explorador apaixonado -- qualquer que fosse o terreno. O que ele conquistou em sua vida foi verdadeiramente notável e se podemos tirar algum consolo dessa tragédia, é que o perdemos fazendo o que amava. Ele deixará uma lacuna em nossas vidas que nunca poderá ser preenchida. Sabemos que Hamish ficaria imensamente orgulhoso de ver como nações, especialistas, colegas da indústria e amigos se uniram para a busca e estendemos nossos sinceros agradecimentos por todos os seus esforços."
Família Harding, em comunicado

'Um dos maiores exploradores de águas profundas, diz família Nargeolet

Paul-Henry Nargeolet foi ex-comandante da Marinha Francesa - Reprodução/LinkedIn - Reprodução/LinkedIn
Paul-Henry Nargeolet foi ex-comandante da Marinha Francesa
Imagem: Reprodução/LinkedIn

A família do ex-comandante da Marinha Francesa Paul-Henry Nargeolet disse que ele "será lembrado como um dos maiores exploradores de águas profundas da história moderna", segundo a CNN Internacional. O homem era considerado um dos maiores especialistas do naufrágio do Titanic.

A declaração, assinada pelos filhos e esposa de Nargeolet, afirmou que a vítima era um "pai e marido extraordinário" e a família espera que as pessoas pensem nele e em seu trabalho quando lembrarem do Titanic. "Mas o que mais nos lembraremos dele é seu grande coração, seu incrível senso de humor e o quanto ele amava sua família. Sentiremos sua falta hoje e todos os dias pelo resto de nossas vidas."

A empresa dona dos destroços do Titanic, a RMS Titanic, divulgou uma nota lamentando a morte de Nargeolet. O homem, que era funcionário da empresa, foi descrito como um "líder inspirador". O pai da vítima do submersível era CEO da RMS Titanic anteriormente.

O mundo marítimo perdeu um líder icônico e inspirador na exploração do mar profundo, e perdemos um amigo querido e querido."
RMS Titanic, em nota

Entenda o caso

Os tripulantes do submersível (da esquerda para direita): Stockton Rush, CEO da OceanGate; Paul-Henry Nargeolet; Suleman Dawood e seu pai Shahzada Dawood; e o bilionário britânico Hamish Harding - Shannon Stapleton/REUTERS; Reprodução/LinkedIn; Família Dawood; e JANNICKE MIKKELSEN/Jannicke Mikkelsen via REUTERS - Shannon Stapleton/REUTERS; Reprodução/LinkedIn; Família Dawood; e JANNICKE MIKKELSEN/Jannicke Mikkelsen via REUTERS
Os tripulantes do submersível (da esquerda para direita): Stockton Rush, CEO da OceanGate; Paul-Henry Nargeolet; Suleman Dawood e seu pai Shahzada Dawood; e o bilionário britânico Hamish Harding
Imagem: Shannon Stapleton/REUTERS; Reprodução/LinkedIn; Família Dawood; e JANNICKE MIKKELSEN/Jannicke Mikkelsen via REUTERS

O submersível, apelidado de "Titan", submergiu na manhã de domingo, 18 de junho. Os turistas queriam ver os destroços do Titanic, localizado no Atlântico Norte.

O barco de apoio na superfície, o quebra-gelo Polar Prince, perdeu contato com ele cerca de uma hora e 45 minutos mais tarde, segundo a Guarda Costeira dos EUA.

Um piloto e quatro passageiros faziam parte da expedição. São eles: Stockton Rush, presidente da OceanGate; o bilionário Hamish Harding; Shahzada e Suleman Dawood, um empresário paquistanês e seu filho; e Paul-Henry Nargeolet, ex-comandante da Marinha Francesa e considerado um dos maiores especialistas do naufrágio do Titanic.

O submersível foi dado como desaparecido a cerca de 700 quilômetros ao sul de São João da Terra Nova, capital da província canadense de Terra Nova e Labrador, segundo as autoridades canadenses, na área onde ocorreu o naufrágio do Titanic, em 1912.